
Você já percebeu como a política brasileira virou uma espécie de novela ruim, onde os vilões são promovidos a heróis e os heróis, quando existem, viram piada? Pois é. Mais uma vez, os bastidores de Brasília nos oferecem um episódio digno de descrença — e, ao mesmo tempo, revelador. E adivinha? Quem assina o roteiro, ou melhor, quem reporta esse enredo é Hugo Marques, da Revista Veja, com um texto que, pasme, revela verdades duras até para os padrões normalmente condescendentes da grande imprensa.
Você está diante de uma daquelas histórias que ilustram com perfeição o que é o corporativismo político travestido de moralismo seletivo. É a velha máxima da esquerda: fazem o que querem, acusam os outros de fazer o que fazem e, quando são pegos, tentam se vender como vítimas de um sistema opressor que, ironicamente, eles próprios ajudaram a construir.
O caso do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) não é só sobre uma agressão, como foi pintado nos holofotes. É sobre como a narrativa virou uma arma política. Glauber, que sempre se comportou como um militante de rede social fantasiado de parlamentar, agora resolve fazer greve de fome e dormir no plenário com um colchão, porque está prestes a ter o mandato cassado. Ah, que drama! Quase um roteiro de novela da Globo.
Mas vamos ser honestos entre nós: você realmente acha que ele está sendo cassado por ser um “lutador contra o sistema”? Que Glauber é perseguido por ser uma “voz corajosa contra o Centrão”? Por favor. Não vamos cair nesse teatro emocional barato. Glauber agrediu fisicamente uma pessoa. Isso é quebra de decoro, isso é violência, isso tem consequências — ou ao menos deveria ter.
E aqui entra a cereja do bolo: o Conselho de Ética da Câmara, aquele órgão que normalmente serve para arquivar qualquer processo que envolva parlamentar acusado de rachadinha, violência doméstica, desvio de verba e o que mais você puder imaginar, de repente resolveu mostrar serviço — e justo contra um dos seus. Ou seja, a impunidade virou regra, mas quando a política exige uma exceção, é porque o alvo foi rejeitado até pelos seus.
Se você acha que exagero, basta lembrar que o Deputado André Janones (Avante-MG), aquele da rachadinha — embolsando parte dos salários dos seus próprios servidores — nem mesmo uma reprimenda verbal levou. O argumento? A denúncia é anterior ao atual mandato. Quer dizer: o passado, quando convém, é irrelevante. Mas, no caso de Glauber, até o futuro virou justificativa para punição. Hipocrisia pouca é bobagem.
E você sabe o que é mais curioso? Quem relatou o processo de cassação contra Glauber Braga foi ninguém menos que Paulo Magalhães (PSD-BA), que, em 2001, agrediu um jornalista que escrevia um livro-denúncia sobre seu tio — o icônico e polêmico Antonio Carlos Magalhães. Resultado? Nenhuma punição. Nenhuma. Agressão? Sim. Consequência? Nenhuma. Mas agora Paulo surge como paladino da moral e da decência. Você consegue segurar o riso?
É difícil, eu sei. Porque, quando Glauber apela dizendo que está sendo perseguido por denunciar o “orçamento secreto”, a narrativa da esquerda se transforma: ele não é mais um agressor, é um herói calado pelos poderosos. E o show de vitimismo começa. Frei Betto, Leonardo Boff e toda a tropa da Teologia da Libertação surgem para dizer que estamos diante de uma injustiça histórica, que o deputado está sendo “crucificado” por lutar contra as mentiras e hipocrisias da política nacional.
E você? Vai engolir esse discurso?
Veja bem: não estou aqui defendendo violência. Muito pelo contrário. Mas violência é violência. E a punição deve ser proporcional, sim — mas também coerente. E é aqui que mora o problema. Porque a coerência sumiu de vez da política brasileira. Não é de hoje. Deputados acusados de corrupção pesada seguem impunes. Aqueles envolvidos em escândalos bilionários, como desvios de emendas, continuam discursando sobre justiça social como se nada estivesse acontecendo.
Enquanto isso, Glauber Braga transforma o Congresso em um acampamento de greve de fome, se promovendo nas redes sociais como o último bastião da verdade. Com direito a roda de samba, vídeos com o filho e visita de ministros do governo Lula, como Rui Costa e Gleisi Hoffmann — aquela mesma que representa o PT com a doçura de um rottweiler político.
Você percebe o padrão? É sempre assim. Quando a esquerda é pega em suas contradições, ela não assume o erro. Ela culpa o sistema, a direita, a mídia golpista, o capitalismo, o patriarcado, a história — qualquer coisa, menos a si mesma.
Mas aí vem o detalhe que ninguém quer dizer: o próprio líder do PL, Sóstenes Cavalcante, também achou a cassação exagerada. E isso mostra como a solidariedade entre políticos funciona — não importa a ideologia, sempre tem alguém disposto a relativizar o inaceitável quando é conveniente.
Agora, você precisa fazer uma pergunta sincera: se Glauber fosse um deputado conservador, acusado de agressão, com histórico de denúncias contra a esquerda, teria a mesma benevolência da mídia? Teria a visita de ministros? Teria apoio de artistas, intelectuais, líderes religiosos de esquerda? Teria uma cobertura emotiva, chamando seu protesto de “gesto nobre”? Claro que não. Ele seria destruído publicamente. Cancelado. Ridicularizado.
Essa é a dupla moral que você precisa enxergar. Essa é a lente pela qual você deve olhar cada um desses movimentos.
Quando a Veja, com Hugo Marques, traz à tona esse espetáculo da política brasileira com uma leve ironia, você percebe que até a grande imprensa começa a se cansar de fingir que tudo isso é normal. E, de fato, não é. Não pode ser.
Porque, veja, ou a regra vale para todos, ou não vale para ninguém. Se Glauber Braga merece ser poupado por conta de “motivações políticas” por trás do processo, então o mesmo argumento precisa valer para todos os outros parlamentares. Mas você e eu sabemos que isso não vai acontecer.
No fim das contas, o Conselho de Ética só age quando convém. Só pune quando o alvo é fraco, isolado ou rejeitado até pela própria turma. E Glauber, apesar de ser um ícone da lacração, não é exatamente um nome querido no parlamento. Comprou briga com todos, especialmente com o Centrão, e agora paga o preço político dessa escolha.
Mas, veja bem: isso ainda não o transforma em mártir. Ele não é um novo Tiradentes. Ele é apenas o retrato de uma esquerda que colhe o que planta. Uma esquerda que usa a moral como arma seletiva. Que defende criminosos, desde que estejam do lado certo da ideologia. Que finge combater o sistema, enquanto se lambuza nos seus privilégios.
E aí, quando é chamada a prestar contas, faz greve de fome e convoca a tropa sentimental para blindá-la da verdade.
Meu caro leitor do Conservadores Online, se você chegou até aqui, parabéns. Você está vendo além das manchetes. Está percebendo que, por trás do teatro, o que existe é uma luta desesperada por narrativa, por controle e por poder.
E o que nos resta?
Nos resta continuar atentos, informados e, acima de tudo, firmes na defesa da coerência, da justiça verdadeira e da moral que não muda conforme o lado político do acusado.
Com informações Revista Veja