
Você acorda, toma seu café, abre o celular e se depara com mais uma aberração jurídica estampada nos sites de notícias. Desta vez, vinda diretamente do Supremo Tribunal Federal. E como sempre, ela carrega a assinatura do mesmo protagonista que transformou a Corte em palco político: Alexandre de Moraes. O mesmo ministro que tem mais manchetes do que votos no plenário. A decisão dele de interromper a extradição de um traficante búlgaro, acusado de transportar 52 quilos de cocaína pela Espanha, não é apenas um erro. É um escárnio.
E quem trouxe a luz para esse absurdo? Ninguém menos que o jornalista Matheus Leitão, em artigo publicado na Revista Veja. Sim, veja só: até a Veja, que tantas vezes seguiu o ritmo da esquerda institucional, desta vez não conseguiu esconder a vergonha alheia. E, sejamos francos, quando a própria Veja começa a apontar os exageros de Moraes, é porque a coisa passou muito da conta.
Você deve estar se perguntando: “Mas por que o ministro fez isso?” E a resposta é tão infantil quanto absurda: vingança ideológica. Sim, isso mesmo. Alexandre de Moraes decidiu travar a extradição do traficante Vasil Gergiev Vasilev como forma de retaliar a Espanha por não ter aceitado a extradição de Oswaldo Eustáquio, um blogueiro bolsonarista — ou, como o próprio texto de Matheus Leitão sugere, “de terceira linha”. Ou seja, em pleno século XXI, com toneladas de cocaína em jogo e tratados internacionais de extradição sendo ignorados, o critério decisivo do nosso ministro é se o país destinatário fez ou não um “agrado político” ao Brasil.
Sim, você não leu errado. Em vez de fazer o que a lei exige — e o que o bom senso ordena — Moraes escolheu transformar um criminoso internacional em refém da sua birra política. E o fez com pompa jurídica, citando tratados e reciprocidades como se estivesse sendo um guardião da Constituição. Mas a realidade é que ele trocou a balança da justiça por um espelho de vaidade.
Se você achava que a toga era símbolo de sobriedade, ponderação e distanciamento dos embates político-partidários, pense de novo. Hoje, ela virou capa de super-herói de quem deseja resolver tudo com a força do próprio ego. E nesse jogo perigoso, os criminosos agradecem.
Agora, tente imaginar o que um país como a Espanha — aliado histórico do Brasil e signatário de múltiplos tratados de cooperação — pensa ao ver o nosso STF agindo com tamanha irresponsabilidade. O recado é claro: “Se vocês não extraditam meus desafetos políticos, eu não extradito seus bandidos”. Que tipo de diplomacia é essa? Que tipo de justiça é essa? Que tipo de país é esse?
Você talvez se lembre de que não faz muito tempo Alexandre de Moraes já havia protagonizado outro vexame internacional, ao entrar numa queda de braço com Elon Musk, hoje assessor informal de Donald Trump. O bilionário norte-americano, ao defender liberdade de expressão, foi tratado como ameaça à democracia brasileira. O resultado? Um processo internacional, confusão diplomática, e mais uma vez, o Brasil no centro do noticiário mundial como um país onde a Justiça serve a causas e não à Constituição.
E agora, com o caso da Espanha, Moraes escala mais um degrau perigoso rumo ao isolamento jurídico internacional. Até quando, você se pergunta, vai valer a pena manter essa postura messiânica? Vale mesmo a pena queimar pontes diplomáticas por causa de “atores menores”, como definiu com precisão Matheus Leitão? Vale a pena passar a mensagem de que o Brasil é refém do humor de um ministro do STF?
Essa postura não é apenas diplomática e juridicamente desastrosa — ela também é um tiro no pé do combate ao tráfico internacional. Um sujeito que transporta 52 quilos de cocaína em malas não é um coitado. É parte ativa de uma organização criminosa internacional. Um sujeito que foge para o Brasil e encontra proteção jurídica aqui, baseado em picuinhas políticas, escancara uma mensagem perigosa ao mundo: aqui o crime compensa, desde que caia nas mãos do ministro certo.
E a cereja do bolo? O criminoso, em vez de ser extraditado, vai para prisão domiciliar com tornozeleira eletrônica. No Brasil. Sim, isso mesmo. Aqui. Provavelmente em algum bairro nobre, com ar-condicionado e visita monitorada. A Espanha, por sua vez, continua esperando o cumprimento do acordo internacional. E você? Você continua pagando impostos, acreditando na Justiça e se perguntando por que tanta impunidade.
A decisão não poderia vir em pior momento. Estamos em meio às discussões sobre a anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro, e o STF está com todos os holofotes voltados para si. O que Moraes conseguiu com essa decisão foi desviar completamente o foco — mas não de forma positiva. Ele colocou em dúvida, mais uma vez, a legitimidade do próprio processo que lidera contra os chamados “golpistas”. Porque, convenhamos: quando se age com tanto radicalismo político, a imparcialidade vai pelo ralo.
E sabe o que é mais irônico? O próprio artigo da The Economist, publicado no mesmo dia da revelação do caso, descreve Alexandre de Moraes como alguém com “poderes surpreendentemente amplos” e “excessivos”. E olha que a revista britânica nem sequer considerou, naquele momento, essa decisão absurda contra a Espanha. Ou seja: o mundo já está vendo aquilo que parte da imprensa nacional ainda tenta ignorar — o perigoso flerte de uma figura do Judiciário com os excessos do poder absoluto.
Você, como cidadão conservador, sabe que ordem, estabilidade e respeito às instituições são pilares de uma sociedade forte. E é justamente por isso que essa decisão não pode ser relativizada, ignorada ou tratada como mais um “excesso pontual”. Ela fere a imagem do Brasil, desrespeita tratados internacionais e banaliza o crime. Se um traficante pode se beneficiar da birra ideológica de um ministro, quem mais poderá?
Hoje é o traficante búlgaro. Amanhã, quem será? Um pedófilo, um estuprador, um assassino que “por acaso” caiu na rede de um jogo político entre países? Vamos continuar aceitando que a toga seja usada como espada de guerra política, enquanto o povo brasileiro — você, sua família, seus filhos — segue refém da insegurança jurídica e da violência urbana?
Não se trata aqui de defender Oswaldo Eustáquio ou qualquer outro personagem da direita que tenha cometido erros. Se errou, que pague. Mas que pague dentro da lei, com justiça, e não com vendettas disfarçadas de decisões técnicas. Não é aceitável que um ministro do STF — com a responsabilidade de ser um árbitro da Constituição — use sua posição para equilibrar contas políticas e transformar o Supremo em um bunker de militância togada.
Você já percebeu que as instituições estão sendo reconfiguradas. O Legislativo amordaçado, o Executivo vacilante e o Judiciário — especialmente o STF — assumindo um protagonismo nunca antes visto. Mas protagonismo sem freios, sem limites e sem autocrítica não é avanço democrático. É autoritarismo de toga.
A pergunta que não quer calar é: até quando? Até quando você vai assistir a tudo isso calado? Até quando vamos aceitar que o Brasil seja palco de vexames jurídicos internacionais, enquanto aqui dentro se prende, persegue, cala e censura quem pensa diferente? Até quando os tribunais vão se tornar trincheiras de guerra ideológica?
Está na hora de acordar. Está na hora de cobrar. Está na hora de exigir que os ministros da Suprema Corte voltem a ser juízes e deixem de agir como ativistas políticos. O Brasil precisa de estabilidade, de previsibilidade jurídica e de respeito aos seus compromissos internacionais. O Brasil precisa de Justiça — e não de justiçamento.
Enquanto Alexandre de Moraes segue sua cruzada pessoal, você, cidadão conservador, deve manter os olhos abertos. Porque quem está disposto a soltar traficante para punir adversário político não tem limites claros do que pode ou não fazer com o seu país. E isso, meu caro, é o verdadeiro risco à democracia.
Com informações Revista Veja