“Lula ou Mauro Vieira: quem mentiu sobre convite na China?”, diz O Antagonista

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Mauro Vieira, ministro das Relações Exteriores, pode ser convocado pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) da Câmara dos Deputados após fala de Lula sobre o Tiktok, na China. • Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Quando Lula tenta fazer política internacional misturada com censura disfarçada de “regulamentação”, o resultado costuma ser desastroso. Mas quando ele é desmentido por seu próprio ministro das Relações Exteriores, a tragédia vira farsa. O episódio recente, repercutido originalmente em reportagem de “O Antagonista”, é revelador: mostra, em cores vivas, a desorganização institucional, o amadorismo diplomático e, sobretudo, a sanha autoritária que ronda o discurso de “moderação” do atual governo.

Durante uma de suas costumeiras falas recheadas de chavões e intenções mal disfarçadas, Lula afirmou, com toda a tranquilidade de quem governa com base em monólogos, que havia pedido ao “companheiro Xi Jinping” que enviasse ao Brasil uma pessoa de sua confiança para tratar da regulação digital — com foco, claro, no TikTok. Disse isso como se fosse algo absolutamente normal, um gesto amigável entre velhos camaradas preocupados com “o bem-estar digital das crianças brasileiras”. Sim, porque não há nada mais democrático do que pedir conselhos sobre internet à maior ditadura digital do planeta.

Mas a farsa durou pouco. Em audiência pública no Senado Federal, ao ser confrontado pelo senador Sérgio Moro, o chanceler Mauro Vieira foi categórico: “Não houve convite para nenhuma autoridade chinesa vir ao Brasil”. Simples assim. Sem floreios. Sem tentativas de dourar a pílula. Sem aquele habitual jogo de palavras que costuma permear as comunicações do Planalto. Apenas uma negativa direta, seca e pública.

O vídeo que mostra a contradição entre a fala de Lula e a posição oficial do Ministério das Relações Exteriores viralizou, como era de se esperar. O senador Sérgio Moro publicou o trecho em suas redes sociais, acompanhando com a seguinte pergunta retórica: “Quem fala a verdade: Lula ou o ministro Mauro Vieira?” Uma pergunta que ecoa no vazio de um governo que já não consegue manter a própria narrativa por mais de 24 horas.

Mas voltemos à origem desse enredo tragicômico. Tudo começou com a primeira-dama Janja da Silva, que protagonizou um momento diplomático constrangedor ao tentar interpelar diretamente o presidente chinês durante um evento internacional. Um gesto sem precedentes — e sem noção. Afinal, Janja não é ministra, muito menos chanceler, mas tem se comportado como figura central nas decisões do governo. Quando a crítica pública à gafe diplomática estourou, Lula, em mais um ato de blindagem da companheira, tentou tomar para si a responsabilidade pelo pedido a Xi Jinping. Foi uma tentativa tosca de controlar os danos. E agora, vem Mauro Vieira jogar tudo no chão com uma negativa oficial.

A cereja do bolo? Dias depois, a própria Janja apareceu em outro evento público e, com a arrogância típica de quem se sente acima do protocolo, afirmou: “Falei mesmo, e vou falar de novo. Ninguém vai calar a minha voz.” Ou seja, ela desmentiu o marido, que por sua vez já havia tentado assumir a bronca por ela, apenas para ser desmentido por seu próprio ministro. É a política do improviso transformada em método de governo.

Esse padrão de desinformação oficial — onde cada figura do alto escalão diz uma coisa diferente — não é um simples ruído de comunicação. É um reflexo direto da desorganização moral e estratégica de um governo que opera sob mentiras sequenciais. Como bem destacou o jornalista Ricardo Kertzman durante o programa Papo Antagonista, essa postura encaixa perfeitamente no bordão preferido do próprio Lula: “O diabo da mentira é que, quando a pessoa mente uma vez, ela tem que mentir todos os dias para validar a mentira anterior.” Pois é. Parece que, mais uma vez, Lula falava de si mesmo.

O analista Luiz Gaziri, também presente na análise, trouxe um ponto da psicologia social que cai como uma luva nesse caso: a escalada do comprometimento. Quando alguém mente e é confrontado, tende a continuar mentindo para proteger o próprio ego, em vez de admitir o erro. Isso acontece com pessoas comuns, mas no caso do atual governo, parece já ter virado política oficial. Mente-se primeiro para blindar a esposa, depois para preservar a autoridade, e por fim para evitar admitir que não se tem o menor controle sobre a própria gestão.

Mas o mais grave não é a mentira em si — embora já fosse suficientemente escandalosa. O que assusta é a origem do pedido de censura. O governo brasileiro está buscando inspiração na China, o país que mais reprime seus cidadãos, que controla o acesso à informação, que censura conteúdos em tempo real e que prende dissidentes com base em postagens de redes sociais. Sim, essa é a referência que Lula quer importar para o Brasil, sob o pretexto de proteger crianças da exposição à pornografia e desafios perigosos. Como se a solução para um problema legítimo fosse importar o modelo de repressão digital da ditadura comunista.

E, como se não bastasse, o próprio ministro Mauro Vieira, ao tentar explicar o ocorrido, escorrega no discurso: menciona o caso de uma criança de 8 anos morta por um “desafio do desodorante” como justificativa para algum tipo de regulação. Mas, ao mesmo tempo, afirma que não há convite formal algum para autoridades chinesas. Quer dizer: o motivo é grave, mas a solução continua sendo um delírio improvisado.

A verdade é que o governo Lula quer censurar as redes sociais, mas não sabe como justificar isso de maneira palatável ao público. Então, inventa pretextos morais, apela para casos trágicos, envolve autoridades internacionais autoritárias e, quando a mentira começa a desmoronar, tenta apagar o incêndio com mais contradições.

Esse episódio serve como alerta. Não apenas sobre os riscos de uma política externa amadora, mas principalmente sobre os avanços sorrateiros do autoritarismo dentro de uma democracia formal. Hoje é uma consulta à China. Amanhã pode ser uma “parceria estratégica” para vigiar postagens suspeitas. Tudo, claro, em nome do bem comum. Como toda ditadura começa.

E o mais lamentável é ver parte da sociedade ainda tentando justificar ou relativizar o ocorrido. Como explicou Gaziri, muitos eleitores se agarram com unhas e dentes às figuras políticas que elegeram, mesmo quando confrontados com provas inequívocas de má conduta, mentira ou despreparo. É o autoengano como mecanismo de defesa psicológica, um fenômeno perigoso que cega o cidadão e enfraquece a vigilância democrática.

Esse caso, por mais bizarro que pareça, não é isolado. Ele representa um padrão que deve ser combatido com firmeza, clareza e denúncia pública constante. A imprensa independente — como faz O Antagonista — cumpre papel essencial nesse cenário. E a população consciente precisa entender que a liberdade de expressão está sob ataque.

Não é exagero. Quando um presidente da República tenta trazer especialistas de uma ditadura censora para “colaborar” com a regulação da internet no Brasil, estamos diante de uma ameaça real às liberdades civis. E quando ele é desmentido pelo seu próprio chanceler, o que se revela não é apenas a mentira, mas a falta de vergonha em mentir publicamente.

O Brasil precisa de transparência, responsabilidade e limites claros entre o que é política pública legítima e o que é censura disfarçada. E precisa, mais do que nunca, de uma sociedade civil vigilante, pronta para resistir a qualquer tentativa de importar modelos totalitários sob o disfarce de boas intenções.

Não se trata de partidarismo. Trata-se de liberdade versus controle, verdade versus propaganda, Brasil versus China como modelo de sociedade. E cabe a cada brasileiro consciente escolher de que lado quer estar.

Leandro Veras

Editor do Conservadores Online, é cristão, conservador e analisa os bastidores da política com visão crítica e firmeza.

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