“A Grã-Bretanha está realmente voltando para a UE?”, diz BBC

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É impressionante como certos movimentos políticos, mesmo envoltos em discursos de pragmatismo, escondem por trás de si intenções profundas de reverter decisões soberanas da população. Recentemente, Damian Grammaticas e Luke Mintz, jornalistas da BBC News, publicaram um artigo questionando se o Reino Unido estaria “voltando lentamente” para os braços da União Europeia. Naturalmente, o texto é conduzido com a neutralidade politicamente correta que se espera de uma emissora como a BBC, mas por trás da narrativa há sinais claros de uma tentativa organizada de desfazer os efeitos do Brexit — e isso deve acender o alerta de todo cidadão britânico conservador.

Na abertura, os jornalistas descrevem uma manhã elegante no Lancaster House, com policiais tomando chá enquanto, no andar superior, políticos discutem o futuro da cooperação europeia. A cena é simbólica. Não porque mostra uma Europa em sintonia com o Reino Unido, mas porque representa o retorno de reuniões diplomáticas que lembram o velho vício britânico em agradar Bruxelas.

A reunião foi organizada pelo novo Secretário de Relações Exteriores, David Lammy, e teve como pauta o conflito na Ucrânia, a segurança continental e — o ponto mais relevante — um encontro formal entre o Reino Unido e a União Europeia, o primeiro desde o rompimento oficial com o bloco. A esquerda celebra o evento como um marco. Sir Keir Starmer, primeiro-ministro eleito com o discurso de uma “relação mais ambiciosa com os parceiros europeus”, recebeu líderes do mais alto escalão da UE para lançar o que ele chama de uma nova “parceria”.

Mas, como bem apontam os próprios repórteres, há vozes conservadoras que denunciam o verdadeiro significado deste movimento: um “encontro de rendição”, como chamam os Conservadores; ou, nas palavras mais diretas do Reform UK, um “grande acordo de traição”. Por trás dos discursos de reconciliação e pragmatismo, está uma tentativa de reverter lentamente o Brexit, minando a vontade popular que, em 2016, optou por um Reino Unido livre, soberano e dono do seu destino.

Um dos pontos centrais dessa nova aliança seria a criação de um pacto de segurança e defesa entre Reino Unido e UE. Uma proposta que remonta aos tempos de Boris Johnson, mas que, corretamente, foi rejeitada à época. Hoje, com a desculpa de que “o mundo mudou” e que “a guerra na Ucrânia exige cooperação”, volta-se com força essa ideia. O que os burocratas de Bruxelas desejam é claro: reincorporar o Reino Unido em estruturas que minem sua autonomia.

A chefe da política externa da UE, Kaja Kallas, admitiu que as relações tiveram “dificuldades”, mas reforçou que agora é hora de avançar. Ora, que dificuldades seriam essas? Talvez o fato de que o povo britânico ousou se libertar do controle tecnocrático europeu?

Felizmente, há resistência. Alex Burghart, deputado conservador, lembrou o óbvio: a defesa britânica é garantida pela OTAN, não por arranjos burocráticos com a União Europeia. Já Richard Tice, vice-líder do Reform UK, foi ainda mais incisivo: não há valor nenhum nesse pacto — e qualquer tentativa de aceitá-lo seria abrir mão da soberania militar para agradar um bloco em franca decadência.

O governo tenta rebater dizendo que a parceria não enfraqueceria a OTAN, mas a complementaria, incluindo temas como energia, infraestrutura e migração. Veja: o argumento do “complemento” é uma das mais antigas falácias diplomáticas. Quando menos se espera, o paralelo se torna dominante, e a soberania vira mera lembrança nostálgica.

Há ainda quem veja nisso uma “oportunidade econômica”. Segundo Kevin Craven, CEO da ADS Group, o Reino Unido poderia ter acesso ao programa europeu SAFE, com 150 bilhões de euros em financiamentos para projetos de segurança. É o tipo de argumento que cheira a chantagem econômica disfarçada de incentivo. O Reino Unido não precisa de dinheiro europeu para fortalecer sua indústria de defesa. Precisa de liberdade para negociar seus próprios contratos, sem as amarras de um bloco que, historicamente, pouco entregou em matéria de eficiência militar.

No entanto, o que realmente escancara a tentativa de reaproximação forçada é a discussão sobre um possível acordo veterinário. Com o pretexto de reduzir custos e facilitar exportações de alimentos, o governo Starmer quer alinhar as normas britânicas às da UE, sujeitando-as ao crivo dos tribunais europeus. Isso mesmo: voltar a obedecer leis que vêm de fora. Para muitos, isso é só uma questão técnica. Mas para quem entende de soberania, trata-se de um ataque direto à liberdade regulatória conquistada com o Brexit.

O deputado conservador Andrew Griffith foi direto: “Este é o cume da rendição. Estamos prestes a perder o controle sobre nossas próprias regras”. O Reform UK não poupou palavras: “Preparem-se para o grande desmonte britânico, disfarçado de recomeço”. E a pergunta que não quer calar é: por que se aproximar de um modelo econômico falido? A União Europeia, atolada em crises internas, com crescimento pífio e desemprego elevado em vários países, não é o farol que o Reino Unido precisa seguir.

Naturalmente, os trabalhistas reagem com desdém, chamando essas críticas de “argumentos do passado”. Já os liberais dizem que Starmer está sendo cauteloso demais. Querem mais, querem um união aduaneira plena, o que na prática significaria abrir mão do poder de fazer tratados comerciais próprios.

E aí está o coração da questão: o Reino Unido caminha para ser engolido por um gradualismo fatal. Não se trata de uma guinada explícita, mas de passos discretos, reuniões elegantes, pactos técnicos, que juntos pavimentam o retorno à submissão. Um caminho pavimentado por palavras doces e acordos embrulhados como pragmatismo, mas que escondem um claro desejo de desfazer a vontade popular expressa no referendo de 2016.

Há ainda o caso dos pescadores britânicos, traídos após o Brexit quando o governo de Boris Johnson permitiu que barcos da UE continuassem pescando livremente em águas britânicas. Os acordos atuais vencem no próximo ano, e Bruxelas quer sua renovação. Para David Davis, ex-ministro do Brexit, isso seria repetir o erro de “ceder tudo antes da negociação começar”.

Na prática, tudo isso mostra que o Reino Unido não saiu completamente da UE — e que há forças dentro do próprio governo que trabalham ativamente para desfazer o Brexit por vias indiretas. A esquerda veste esse processo com roupagens de “oportunidade” e “cooperação”, mas o conservador atento sabe: toda concessão vem acompanhada de uma perda de liberdade.

Este não é o momento de acenos diplomáticos, mas de afirmação nacional. A Europa está em crise, e o Reino Unido tem a chance histórica de liderar por fora da engrenagem decadente de Bruxelas. Ceder agora seria mais que um erro: seria uma traição à democracia e ao povo britânico.

O alerta está dado. O que Starmer e seus aliados tentam vender como avanço, pode ser na verdade o primeiro passo rumo à reversão do Brexit. E cabe aos conservadores, como sempre, defender a soberania, a liberdade e o destino próprio do Reino Unido, contra os encantos perigosos de uma União que nunca nos tratou como iguais.


Texto narrado com base no artigo original de Damian Grammaticas e Luke Mintz, da BBC News, adaptado com uma visão crítica, conservadora e independente para os leitores de Conservadores Online.

Leandro Veras

Editor do Conservadores Online, é cristão, conservador e analisa os bastidores da política com visão crítica e firmeza.

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