A nova democracia que teme o batom

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Terrorista de batom. Inteligência artificial Grok

Ao ler o texto do Orlando Tosetto Júnior, na Revista Crusoé, eu confesso: precisei reler. Não porque fosse difícil de entender, mas porque era difícil de acreditar. A ironia refinada, o sarcasmo em estado puro, a lucidez traduzida em crônica jornalística quase poética — tudo isso foi tão poderoso que me vi obrigado a revisitar cada linha para confirmar: sim, estamos mesmo vivendo a era do terror… cosmético.

Não, você não leu errado. A cabeleireira Débora, personagem central da narrativa, tornou-se — com a ajuda diligente dos justiceiros de toga — uma “terrorista” oficialmente condenada. Catorze anos de prisão. O crime? Estar do lado errado da história, com a maquiagem errada na bolsa e a opinião errada nos lábios.

O caso é tão absurdo que poderia facilmente ser confundido com uma alegoria escrita por George Orwell, não fosse pelo fato de que ocorreu aqui, neste nosso Brasil cada vez mais surrealista.

Mas o que há por trás do batom? O que está em jogo quando uma mulher, armada apenas com a voz e a vaidade, é tratada como inimiga do Estado? Vamos, leitor, mergulhar nos bastidores de uma democracia que já não suporta nem um espelho.

Você percebeu? A democracia brasileira — essa entidade que um dia foi símbolo de liberdade, pluralidade e respeito ao contraditório — virou uma senhora neurótica, trancada num bunker jurídico, assustada com batons, podcasts e entrevistas. Têmis, a deusa da justiça, continua com os olhos vendados, mas apenas quando convém. Em casos assim, ela já levanta a venda antes de a audiência começar.

O episódio de Débora, a terrorista do batom, é emblemático porque revela a face grotesca de um sistema que perdeu completamente o senso de proporção. O uso da palavra “terrorismo”, neste contexto, é mais do que um exagero: é um sintoma de desespero institucional. Quando um regime precisa distorcer o significado das palavras para justificar sua própria existência, ele está perto do colapso — ou já colapsou.

E aqui, meu caro leitor, entramos no cenário internacional. Não se engane: esse padrão não é exclusivo do Brasil. O autoritarismo camuflado de democracia é uma epidemia que se alastra em velocidade assustadora pelo Ocidente. Basta olhar para o que acontece hoje em Canadá, Austrália, Alemanha e até nos Estados Unidos de Joe Biden — onde cidadãos são perseguidos por postagens em redes sociais, jornalistas são intimidados e conservadores, em geral, são tratados como párias sociais.

Mas o Brasil, como de costume, sempre leva tudo ao extremo tropicalista. Se o mundo se preocupa com discursos de ódio, nós colocamos tornozeleira eletrônica em quem fala “perdeu, Mané”. Se lá fora se discute limites da liberdade de expressão, aqui o limite é o silêncio absoluto. Nada além da versão oficial pode ser tolerado. Nem com gloss labial.

O julgamento da cabeleireira Débora foi um desses eventos que a História registra com vergonha — se é que ainda teremos historiadores honestos no futuro. O tom, a sentença, os argumentos, o espetáculo judicial… tudo foi desproporcional, desumano e — por que não dizer? — teatral. Um show de horrores jurídicos patrocinado por atores togados que se comportam como estrelas de reality show jurídico.

A pena de 14 anos é risível. Mas é o riso do pavor, não o da comédia. É o riso nervoso de quem sabe que a próxima tornozeleira pode ser a sua. Afinal, quem é o próximo “terrorista” na fila do pão? Uma dona de casa que compartilhou um meme? Um professor que criticou o STF em sala de aula? Um pastor que citou Romanos 13 no púlpito?

Estamos lidando com uma teocracia judicial progressista, onde o tribunal é o novo altar e os ministros são os sumos-sacerdotes da moral revolucionária. E, para nossa vergonha, boa parte da sociedade ainda aplaude de pé — talvez por medo, talvez por ignorância, talvez por cumplicidade.

O texto de Orlando Tosetto Júnior é um chamado à consciência. E vai além de um simples registro sarcástico dos fatos. Ele nos obriga a encarar a degradação institucional em que estamos mergulhados. Com maestria, ele mostra como a democracia brasileira se transformou em um teatro de absurdos, onde tudo é permitido — desde que você repita o script imposto pelo Estado.

E se você ousa improvisar, se usa um batom fora do padrão ideológico, então, cuidado: você pode ser considerado um “agente do caos”, um “golpista”, um “perigoso subversivo”.

Curioso é que aqueles que hoje condenam uma cabeleireira por expressar sua opinião são os mesmos que, no passado recente, defendiam abertamente guerrilheiros armados, assaltantes de banco e sequestradores como “lutadores pela liberdade”. É como se o mundo tivesse girado… e parado no avesso.

Chegamos, pois, à encruzilhada: ou retomamos a coragem de defender os valores que fundaram o Ocidente — liberdade, responsabilidade, justiça verdadeira, limites ao poder estatal — ou seremos engolidos pela tirania dos tecnocratas e dos ativistas de toga.

A cabeleireira Débora é apenas um símbolo. Uma mulher comum, trabalhadora, com suas crenças, suas convicções, sua maquiagem. Mas, na visão distorcida do novo regime, ela representa o perigo máximo: uma cidadã livre que pensa com a própria cabeça.

E isso, amigo leitor, é intolerável para quem deseja controlar tudo — até o batom que você passa na boca.

Não se trata aqui de fazer uma apologia à desobediência civil sem critério. Tampouco de defender ações violentas ou ilegais. O que está em jogo é o direito fundamental à liberdade de expressão, à presunção de inocência, ao debate democrático sem censura.

Trancafiar uma mulher por catorze anos — ainda que em prisão domiciliar — por palavras, gestos ou símbolos, é o tipo de arbítrio que nem os regimes militares mais duros ousaram praticar com tanta pompa e circunstância.

E o mais irônico: essa opressão é feita em nome da “democracia”. É o paradoxo perfeito da era woke. A ditadura que se apresenta como libertação. A censura que se disfarça de cuidado. A perseguição que se traveste de justiça.

Conservadores Online, nós precisamos romper esse ciclo. E para isso, é necessário mais do que denúncia: é preciso resistência ativa. Não resistência violenta, não resistência caótica, mas resistência moral, cultural e espiritual.

Resistência como a de Débora, que mesmo em silêncio forçado, se tornou símbolo daquilo que o regime mais teme: o poder de uma ideia, mesmo que dita com batom.

É por isso que eles têm tanto medo de nós. Porque sabem que não podem vencer no campo da lógica, do argumento, da moral. Precisam calar. Precisam humilhar. Precisam prender. Porque perderam a razão, e agora só lhes resta o poder nu e cru.

O texto de Orlando Tosetto Júnior ficará marcado como uma das grandes crônicas da nossa época. Uma denúncia artística, elegante e devastadora de um sistema que prefere o monólogo ao diálogo. E que transforma cidadãos em inimigos sempre que se sentem ameaçados… por cosméticos.

Como ele mesmo ironiza: “Com severidade e piedade. Mordendo (muito) e assoprando (um pouquinho).” A fórmula perfeita da pedagogia totalitária. Ensina-se o medo com uma mão, enquanto a outra oferece uma migalha de compaixão — desde que você aprenda a calar.

A você, leitor do Conservadores Online, deixo uma reflexão: até quando aceitaremos a farsa democrática que se instalou entre nós? Até quando aceitaremos que uma elite togada, aliada a uma imprensa cúmplice e um Congresso omisso, decida quem pode ou não falar? Quem pode ou não se maquiar? Quem pode ou não existir?

Débora foi silenciada, mas sua história não pode ser esquecida. Porque hoje é ela. Amanhã, pode ser qualquer um de nós.

E talvez o que reste, no fim, seja apenas o batom como última arma da liberdade.

Com informações Revista Crusoé

Leandro Veras

Editor do Conservadores Online, é cristão, conservador e analisa os bastidores da política com visão crítica e firmeza.

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