Alcolumbre vai colocar para votar mandato de 10 anos para senadores nesta quarta

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Certamente a frase do Brasil Paralelo em seu perfil oficial no X (antigo Twitter): “Davi Alcolumbre vai colocar para votar, nesta quarta, o aumento de tempo de mandato para cada senador, saindo de 8 para 10 anos.” Deveria causar indignação generalizada, mas parece que passou despercebida pela maioria dos brasileiros. E, com isso, mais um escândalo corre o risco de passar impune. Não se trata de mera “reforma eleitoral” ou “ajuste institucional”, como os entusiastas dessa barbaridade tentam pintar. Estamos falando de um golpe disfarçado de burocracia, uma jogada vergonhosa, indecente e orquestrada nos corredores mofados do Senado Federal.

Davi Alcolumbre, o mesmo personagem já conhecido pelas suas manobras sorrateiras, ressurge com uma proposta que, se aprovada, transforma o Senado em um reduto ainda mais blindado contra a vontade popular. A ideia é simples e escandalosa: estender o mandato dos senadores de 8 para 10 anos. Sim, caro leitor, você não leu errado. Enquanto o brasileiro comum precisa trabalhar 35 anos para se aposentar, senadores querem estender seu reinado em Brasília — como se 8 anos não fosse tempo suficiente para legislar, viajar, acumular benefícios e posar de autoridade suprema nos corredores do poder.

O mais cínico é a forma como isso é feito. Não houve consulta pública. Não houve escuta popular. A decisão nasceu no conchavo de gabinetes fechados, entre sorrisos cúmplices e acordos de poder. A proposta surgiu como uma “emenda” à PEC 12/2022 — aquela mesma que começou com o propósito de discutir o fim da reeleição e unificação das eleições. Mas, como tudo no Brasil, uma proposta razoável virou um cavalo de Troia para a autoperpetuação dos caciques do Senado.

Será que os senadores acreditam mesmo que estão acima do bem e do mal? Será que a arrogância do poder subiu a ponto de acharem legítimo se presentear com mais dois anos de mandato sem passar por uma nova eleição? Porque é disso que se trata. Nenhum cidadão pediu isso. Nenhum brasileiro nas ruas defendeu essa ideia. Ela veio única e exclusivamente da elite política que teme ser expulsa pelo voto e tenta, desesperadamente, alongar sua estadia no paraíso das regalias públicas.

É uma vergonha. Uma vergonha que se agrava quando lembramos que, para se aprovar uma PEC, são necessários 49 votos no Senado e 308 votos na Câmara em dois turnos. Ou seja: é preciso um pacto generalizado da velha política contra o povo. Um pacto silencioso, imoral e sem transparência, para que tudo continue como está — ou pior.

Mas por que 10 anos? Por que essa obsessão por eternizar mandatos? Segundo os defensores da proposta, seria para garantir “estabilidade” e “planejamento de longo prazo”. Desculpem, mas isso é conversa fiada. Desde quando estabilidade política no Brasil depende de senadores inamovíveis? Desde quando o planejamento do país depende da presença contínua dos mesmos nomes, das mesmas famílias, dos mesmos caciques políticos? A estabilidade que eles querem é a estabilidade das suas cadeiras, dos seus salários, dos seus privilégios.

E não pense que o senador Jorge Kajuru, autor original da PEC, está isento dessa manobra. A proposta, que nasceu com um certo verniz moralizante ao tentar proibir a reeleição, foi rapidamente desfigurada. O que era para ser uma reforma virou um presente de grego para o povo. Kajuru e seus colegas permitiram que o projeto se tornasse mais um tijolo no muro de isolamento entre Brasília e o Brasil real.

O relator da PEC, senador Marcelo Castro, não ficou atrás. Alega que a medida visa “alinhar os mandatos legislativos e executivos” — como se isso justificasse rasgar a ética e atropelar o eleitor. Segundo ele, tudo é feito com vistas a uma “harmonização institucional”. Que belo nome para um golpe branco, não? Harmonizar o poder com o poder, deixando o povo de fora.

Enquanto isso, os senadores de oposição — que deveriam gritar, denunciar, resistir — parecem calados ou convenientemente ausentes. Alguns, como o senador Eduardo Girão, ousaram criticar a proposta, chamando-a de “péssima”. Mas a verdade é que grande parte da classe política permanece cúmplice pelo silêncio, pois todos sabem que, uma vez aprovada, essa mudança os beneficiará — se não agora, em breve.

O maior inimigo da democracia não é o grito autoritário; é o silêncio confortável da conivência.

E o povo? O povo assiste a tudo perplexo, entre a indignação e a impotência. Estamos sendo governados por uma elite que se desconectou completamente da realidade. Uma elite que legisla para si, que se fecha em seus castelos de vidro em Brasília, onde os salários são polpudos, os benefícios são intocáveis, e as vontades populares são apenas ruído incômodo no fundo do salão.

Esse tipo de proposta escancara a falência da representatividade política no Brasil. Como confiar em um sistema que permite aos próprios legisladores ampliarem seus mandatos por emenda constitucional? Isso não é democracia — é o oposto. É a institucionalização da blindagem política, um passo em direção à oligarquia parlamentar, onde poucos decidem por todos e se perpetuam no poder como se fossem nobres hereditários da República.

A maior ironia é que o mesmo Senado que se mostra tão ágil para votar esse aumento de mandato, se arrasta quando se trata de aprovar medidas que realmente importam ao povo. Reforma tributária? Parada. Redução da máquina pública? Esquecida. Combate à corrupção? Engavetado. Mas, quando o assunto é manter-se no poder, os senadores são rápidos como uma Ferrari.

Esse é o Brasil real, caro leitor. Um país onde o Legislativo virou um clube privado de políticos profissionais. Onde projetos de lei são usados como disfarces para manobras de sobrevivência. Onde a renovação política é apenas uma ilusão, pois os que detêm o poder fazem de tudo para eternizá-lo.

E o que podemos fazer? Podemos — e devemos — nos indignar. Denunciar. Compartilhar. Falar alto. Expôr a vergonha que está sendo construída nos bastidores do Senado. Porque se essa proposta passar sem resistência, amanhã virá outra. Talvez ampliar para 12 anos. Depois, talvez mandatos vitalícios. Não duvide. O apetite por poder é insaciável, especialmente quando não há freio social ou moral.

O Brasil precisa acordar. Os conservadores precisam reagir. Não podemos assistir calados ao desmonte da democracia sob pretexto de estabilidade institucional. Um Senado de 10 anos é um Senado ainda mais desconectado do povo. Um Senado ainda mais hostil à renovação. Um Senado ainda mais inacessível à voz das ruas. E esse, com certeza, não é o Brasil que queremos legar aos nossos filhos.

Enquanto Alcolumbre e seus aliados tramam no conforto dos seus gabinetes, o Brasil sofre com o desemprego, a insegurança, a corrupção e a impunidade. Mas eles, com seus salários milionários e benefícios inexplicáveis, vivem outra realidade — uma realidade onde o único projeto importante é garantir que permaneçam onde estão: no topo da pirâmide, longe do povo que fingem representar.

Que a história registre: em maio de 2025, o Senado da República decidiu, sem vergonha e sem pudor, discutir o prolongamento de seu próprio poder. E que cada brasileiro que ama seu país jamais esqueça quem foram os artífices dessa indecência.

Leandro Veras

Editor do Conservadores Online, é cristão, conservador e analisa os bastidores da política com visão crítica e firmeza.

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