
Você já percebeu como, no Brasil, basta ter o sobrenome certo para ser blindado de qualquer crítica, ainda que haja uma avalanche de indícios contra você? Pois é. Lendo o artigo da jornalista Danielle Brant na Folha de S.Paulo publicado no último dia 28 de abril de 2025, às 12h42, percebi que estamos presenciando mais um daqueles espetáculos grotescos, que deveriam envergonhar até o mais calejado militante de sindicato.
Em pleno século XXI, você, cidadão de bem, é obrigado a assistir a seis centrais sindicais se mobilizando — pasme — para defender um investigado pela Polícia Federal por fraudes no desconto de benefícios de aposentados. Isso mesmo: os aposentados, que já carregam o peso de uma vida inteira de trabalho duro, sendo potencialmente lesados… e as entidades que deveriam protegê-los estão ocupadas em escrever cartinhas de apoio ao “irmão do presidente”.
Segundo o texto da Danielle Brant (você pode conferir aqui), os sindicatos CUT, Força Sindical, UGT, CTB, NCST e CSB assinaram uma carta com declarações estarrecidas — não com a fraude, claro, mas com a possibilidade de que o nome de Frei Chico (o tal irmão de Lula) tenha sido associado às denúncias. Você lê isso e quase escuta o grito de “injustiça!” ecoando pelas salas acarpetadas dessas centrais, todas historicamente amigas de governos esquerdistas.
Agora, me responda sinceramente: você realmente acredita que toda essa indignação é genuína? Você acha mesmo que seis centrais sindicais largariam seus cafezinhos para defender um aposentado comum investigado por corrupção, se ele não fosse ninguém além de mais um cidadão brasileiro? Ou será que o sobrenome “Silva”, no caso em questão, carrega um passe-livre para a militância desvairada?

A retórica usada na carta, segundo o próprio relato da jornalista, é de fazer corar qualquer estudante de Direito. Dizem que a investigação é “maliciosa”, “tendenciosa”, “eleitoral”, que “manipula a boa-fé” das pessoas — ou seja, qualquer coisa, menos um esforço legítimo para apurar denúncias graves. Afinal, no imaginário desses sindicalistas, corrupção cometida por aliados é “narrativa”, enquanto qualquer investigação contra opositores é “prova cabal de fascismo”.
Você precisa ser muito ingênuo para não perceber o jogo. Eles tentam transformar uma operação da Polícia Federal — aquela mesma PF que a esquerda tanto ovacionava enquanto investigava adversários — em mais uma peça do teatro eleitoral da “extrema-direita”. Sim, porque hoje tudo que contrarie a narrativa petista é “extrema-direita”. Se amanhã você reclamar da alta nos preços do supermercado, vão te chamar de extremista também.
E olhe que interessante: os sindicatos ainda tiveram o desplante de acusar a imprensa de “desinformação” e “manipulação”. Logo eles, que vivem despejando panfletagem ideológica para dentro dos jornais e redes sociais, acusando todo brasileiro que se recusa a abaixar a cabeça para o lulismo de ser “antissindical”, “antipovo” ou “antidemocrático”.
A cereja do bolo, claro, é a tentativa patética de jogar a culpa nos governos Temer e Bolsonaro. Você entendeu o truque? Sempre que algo de errado vem à tona envolvendo alguém próximo do PT, a narrativa padrão é: “a culpa é dos outros”. Estão investigando o irmão do Lula? Ah, deve ser culpa do Bolsonaro, ou talvez do Temer, ou da “elite branca fascista”, como eles adoram gritar nas manifestações patrocinadas por ONGs milionárias.
É uma criatividade realmente admirável — se não fosse absolutamente trágica.
Enquanto isso, você, cidadão comum, vê o seu dinheiro escoar para sindicatos que, em vez de protegerem os trabalhadores e aposentados, preferem fazer política partidária explícita, mesmo quando o crime bate à porta. Se alguma vez já houve dúvida de que grande parte do sindicalismo brasileiro virou extensão do PT e seus aliados, essa carta vem para dissipar qualquer resquício de ingenuidade.
Frei Chico, para quem não lembra, é aquele mesmo que já foi mencionado em outras investigações e que nunca foi apenas “um metalúrgico aposentado”. Estamos falando de um operador político de confiança dentro do universo sindical, alguém que historicamente atuou no fortalecimento da influência petista nas bases. A ideia de que ele é apenas uma vítima do “noticiário tendencioso” é um insulto à sua inteligência.

Mas veja como eles são espertos: não defendem explicitamente a inocência de Frei Chico. Preferem jogar a carta do “parentesco injustamente explorado”, como se o brasileiro médio fosse um idiota incapaz de perceber que, neste país, a máquina estatal e sindical foi aparelhada até a medula para blindar aliados.
A questão aqui não é o sobrenome. A questão é a prática.
Se o irmão do presidente fosse acusado de fraudar aposentados e o presidente fosse de outro partido, você já sabe: haveria greve geral, invasão de prédios públicos, panelaço em horário nobre e matérias especiais na mídia “imparcial”. Mas, como estamos falando de Lula e seu entorno, a ordem do dia é minimizar, relativizar e, claro, atacar quem ousa apontar a podridão.
Você, brasileiro honesto, que acorda cedo, paga impostos e mal consegue planejar o futuro em meio a essa crise interminável, precisa entender: a indignação seletiva é parte do projeto de poder. Quando eles defendem Frei Chico, não estão defendendo apenas um irmão. Estão defendendo o sistema, o aparelhamento, o esquema em que uns poucos são inimputáveis, enquanto você carrega o peso da lei nas costas.
E pensar que tudo isso é feito em nome dos “trabalhadores”, como se esses aposentados lesados não fossem trabalhadores também.
Esse episódio vergonhoso revela, mais uma vez, o que está em jogo: não é apenas o futuro de um sindicato ou de um aposentado investigado. É o futuro da nossa capacidade de exigir responsabilidade de quem ocupa espaço de poder. É a nossa liberdade de fiscalizar sem sermos taxados de “extremistas”. É o nosso direito de não sermos cúmplices silenciosos de um sistema apodrecido.
Ao ver seis centrais sindicais defenderem um investigado por supostas fraudes contra aposentados, você precisa se perguntar: em que país nós queremos viver? Num país onde a justiça se aplica para todos? Ou num país onde amigos do rei podem tudo, e o povo é apenas massa de manobra para campanhas eleitorais?
Se queremos um Brasil diferente, precisamos romper esse ciclo de impunidade disfarçada de “luta sindical”. Precisamos parar de aceitar que a mesma velha desculpa — “é perseguição política” — continue sendo usada como álibi para práticas criminosas.
Você, que valoriza a verdade, o trabalho honesto, a dignidade, não pode se calar diante dessa tentativa descarada de desviar a atenção do real problema: a corrupção dentro das estruturas que deveriam servir ao povo.
Chega de teatro. Chega de carta de apoio a suspeitos. Chega de fazer da Justiça um instrumento de defesa seletiva. Quem deve, que pague. Quem erra, que arque com as consequências, seja irmão do presidente ou o mais humilde dos cidadãos.
O Brasil precisa urgentemente reaprender que a lei é para todos — inclusive para os apadrinhados do poder.
Com informações Folha de S.Paulo