Davi Alcolumbre defende mais 18 deputados e gasto extra de R$ 64 mi por ano

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Sim, caro leitor do Conservadores Online, você não leu errado. Enquanto você rala todos os dias para pagar impostos escandinavos e receber serviços congoleses, nossos nobres parlamentares decidiram que o Brasil precisa de mais 18 deputados federais. Porque, claro, 531 cabeças pensantes (ou não tanto) em Brasília resolverão todos os males que 513 não conseguiram.

Foi o presidente do Senado, o sempre disponível e incansavelmente comprometido com o país Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), quem anunciou, com um ar de gravidade institucional, que pretende “trabalhar” para colocar o projeto em pauta antes das eleições de 2026. A declaração, para espanto de absolutamente ninguém, foi feita no glamouroso 11º Fórum Parlamentar dos Brics — um evento que, sejamos sinceros, poderia muito bem ser traduzido como “confraternização oficial entre burocratas e estadistas com tempo livre demais”.

O tal projeto, já aprovado pela Câmara em maio, foi articulado pelo presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB). A justificativa? Uma decisão judicial baseada no Censo de 2022 que exigiu a redistribuição das cadeiras entre os estados. Como alguns estados poderiam perder cadeiras — e Deus nos livre de mexer em feudos políticos! — a solução foi brilhante: não tira de ninguém, só aumenta o bolo.

A proposta, é claro, parece inofensiva na boca de Alcolumbre. “A Câmara dos Deputados fez um estudo e o mais adequado diante da decisão judicial é fazer a ampliação desses Estados. Não saiu da cabeça do presidente Lula” — ah, bom, se não foi ideia do Lula, então está tudo sob controle, né? O senador fez questão de enfatizar que conversou com “vários senadores e deputados” e que a decisão foi “coletiva”. Que meigo.

Agora, pasme com os números: cada novo deputado federal custa R$ 3,6 milhões por ano ao bolso do contribuinte. Com mais 18 parlamentares, isso representa um impacto direto de R$ 64,6 milhões anuais. E isso sem contar os assessores, os auxílios, os carros oficiais, as passagens, os escritórios regionais, as diárias, os cafezinhos gourmet e, claro, os assessores dos assessores.

Mas Davi, em sua inabalável serenidade, minimizou o impacto financeiro. Afinal, segundo ele, o orçamento da Câmara “já comporta esse reajuste”. A pergunta que fica é: se o orçamento já suporta quase R$ 65 milhões a mais, por que cargas d’água esse dinheiro não estava sendo economizado, investido em saúde, educação ou, quem sabe, devolvido ao pagador de impostos? Ah, esqueci. Isso seria… sensato demais.

E nem adianta tentar levantar essa discussão com alguns líderes políticos. O Poder360, em matéria assinada pela jornalista Luciana Saraiva, revelou que para boa parte deles, o tema nem é prioritário. Alguns, veja só, são contra a iniciativa. Claro que são! Até que descubram que seus próprios estados serão os beneficiados — aí, como num passe de mágica, a consciência fiscal dá lugar à “representatividade democrática”.

A justificativa da turma? Representatividade estadual. Porque, veja bem, o Censo revelou que alguns estados cresceram mais que outros. Como redistribuir cargos daria dor de cabeça política, optou-se pela solução brasileira padrão ouro: cria-se mais espaço na mesa, mesmo que o contribuinte esteja pagando a conta do banquete há décadas sem sequer ter lugar para sentar.

E para que servirá esse exército de novos deputados? Votar aumento de fundão eleitoral? Flexibilizar regras de compliance para partidos nanicos? Criar mais datas comemorativas irrelevantes? Aprovar moções de repúdio que ninguém lê? Sim, porque se é uma coisa que o Parlamento brasileiro tem feito com maestria, é legislar sobre temas absolutamente secundários, enquanto os problemas reais — segurança, saúde, educação, infraestrutura — continuam sendo tratados como se fossem ficção científica.

Você, que lê isso agora e ainda acredita que o Congresso precisa de mais vozes, deve se perguntar: “mas e a qualidade desses representantes?” Ora, a qualidade é proporcional à quantidade, certo? Mais deputados significa mais debate, mais diversidade, mais ideias! Em teoria, sim. Na prática, é mais oportunidade para alianças fisiológicas, troca de favores, uso estratégico de emendas e… você já sabe o resto.

Enquanto isso, o brasileiro comum vive num país com quase 15 mil homicídios no primeiro trimestre de 2025, onde hospitais enfrentam falta de insumos básicos, onde escolas públicas têm teto caindo e aula de segunda a quarta porque não tem professor. Mas os nobres parlamentares decidiram que o assunto urgente da semana é como manter os assentos aquecidos de sete estados que poderiam perder poder de fogo em Brasília.

E é aí que está o verdadeiro drama: o sistema político brasileiro é estruturado para proteger a si mesmo. Perder cadeiras em função de um censo? Impossível. Redistribuir de forma honesta e dura, como mandaria qualquer lógica federativa? Jamais. É muito mais fácil inflar o número de representantes do que lidar com os custos políticos da equação “menos para uns, mais para outros”.

Claro que existe uma outra solução. Uma solução que jamais passaria no Congresso, mas que o cidadão comum entenderia perfeitamente: redução do número de parlamentares. Menos deputados, menos senadores, menos assessores. Um Congresso mais enxuto, mais eficiente, mais conectado com a realidade do país. Mas aí, meu amigo, você está sonhando demais. Isso seria como pedir que raposas votassem pela redução do número de galinheiros.

O que nos resta, como sempre, é observar — com certa dose de sarcasmo e um pouco de resignação — mais esse capítulo do teatro cívico chamado República Federativa do Brasil. Eles dirão que tudo isso é em nome da democracia, da representatividade, da justiça federativa. Mas sabemos bem que o único item que está sendo realmente representado ali é o interesse político de quem está sentado na cadeira — ou de quem quer sentar.

Portanto, caro leitor, da próxima vez que faltar médico no posto de saúde ou quando uma ponte cair na sua cidade, lembre-se: o orçamento estava apertado demais para isso, mas estava folgado o suficiente para mais 18 deputados federais com todas as regalias.

Porque no Brasil de 2025, a máxima continua firme e forte: se a realidade incomoda, crie um cargo, aumente uma verba, multiplique uma estrutura. O importante é que os donos do poder permaneçam… bem acomodados.

Com informações Poder 360

Leandro Veras

Editor do Conservadores Online, é cristão, conservador e analisa os bastidores da política com visão crítica e firmeza.

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