
Ah, a saga interminável dos magnânimos defensores do dinheiro público! Você já deve estar acostumado com essa novela onde os heróis de toga, sempre altruístas e desapegados, fazem de tudo para garantir que o Brasil não se transforme em um páramo de desigualdade. E desta vez, o protagonista atende pelo nome de Flávio Dino, um verdadeiro paladino da moralidade, que ao suspender o pagamento retroativo de auxílio-alimentação aos juízes, teve uma revelação espiritual: o sistema está em um “inaceitável vale-tudo“. Que surpresa, não?
Nada como um militante do PT travestido de ministro do STF para fingir surpresa com algo que acontece há décadas. O mesmo sujeito que passou anos defendendo narrativas estatizantes e condescendentes com o abuso do Estado, agora aparece como um bastião da ética. O curioso é que esse mesmo “vale-tudo” sempre foi conveniente para pagar aumentos salariais camuflados, verbas indenizatórias fictícias e penduricalhos exóticos. Mas, agora que a opinião pública resolveu acordar, vem o teatro da moralidade.
E olhe só que ironia: o nosso herói descobre que “hoje é rigorosamente impossível alguém identificar qual o teto efetivamente observado”. Jura? Parece que a opacidade nos contracheques só virou um problema quando a sociedade começou a notar os R$ 75 mil médios pagos a desembargadores e os R$ 419 mil que ministros do TST embolsaram em dezembro. Mas você que trabalha 44 horas por semana para pagar seu INSS e garantir a farra do funcionalismo, não se preocupe. Estão todos muito ocupados discutindo a “previsibilidade” dos próprios vencimentos.
É impressionante como a lógica dos iluminados da toga é seletiva. Quando os magistrados querem equiparação com o Ministério Público, tudo é justiça e isonomia. Mas quando o governo Lula sugere cortar a festa dos “supersalários”, aí surge uma ofensiva no Congresso contra a PEC 45. O que aconteceu com a austeridade tão propalada? Por que não chamam essa gastança de “inaceitável vale-tudo”? Ah, claro… Porque quem paga a conta é você.
O mais hilário de tudo é ver o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, tentando enfiar na sua cabeça que “as críticas aos gastos do Judiciário são injustas” e fruto da “incompreensão do trabalho dos juízes”. Certamente, nós, reles mortais, não conseguimos captar a complexidade de embolsar quase meio milhão de reais por mês enquanto o trabalhador brasileiro rala para pagar uma cesta básica cada vez mais cara.
No final das contas, tudo continua como sempre foi: a elite do funcionalismo segue protegida por uma muralha de privilégios, as “reformas” não passam de promessas vazias e a sua indignação é apenas um detalhe incômodo para essa casta que se julga acima do bem e do mal. Mas fique tranquilo, a imprensa tradicional continuará tentando convencê-lo de que você está errado por se indignar. A grande pergunta é: até quando você vai tolerar esse vale-tudo financiado com o seu suor?
Com informações Folha de S.Paulo