
Vamos falar sério, mas com a leveza que o absurdo exige. Você aí que rala a vida inteira, trabalha, contribui com o INSS e, enfim, se aposenta. Pensa que vai descansar e aproveitar o suor do próprio rosto. Mas eis que vem uma surpresinha no seu contracheque: descontos misteriosos. Associações que você nunca ouviu falar metendo a mão no seu benefício como se fossem donas do pedaço. E o pior: com a bênção de quem deveria te proteger. Bem-vindo ao Brasil real, onde quem diz defender o “povo” está mais preocupado com os cofres dos sindicatos do que com a dignidade do aposentado.
Em 2019, o então presidente Jair Bolsonaro enxergou essa palhaçada e, com a seriedade que o tema merece, colocou ordem na casa com a Medida Provisória 871. A MP dizia o óbvio: se o aposentado quiser autorizar descontos para entidades associativas, deve fazer isso todo ano, conscientemente. Parece razoável, né? Pois não para a esquerda. Jaques Wagner, aquele mesmo — braço direito de Lula — e o sempre presente Zeca Dirceu, vieram com a ladainha de que isso era uma “desculpa” do governo Bolsonaro para “restringir direitos dos trabalhadores”. Sim, você não leu errado. Segundo eles, proteger o aposentado de fraude é restringir direito.
Na prática, o que a esquerda queria era o seguinte: manter as torneiras abertas. Se o aposentado não precisa revalidar o desconto todos os anos, as entidades — muitas delas, diga-se de passagem, intimamente ligadas ao PT — continuam a sugar recursos sem serem incomodadas. E se alguém ousa mexer nesse sistema, pronto, vira “autoritário”, “fascista” e inimigo dos pobres.
A MP 871 sofreu resistência, foi esvaziada, desfigurada, e só com muita luta foi possível, depois, retomar parcialmente a lógica da revalidação com um prazo de três anos, por meio do decreto-lei 13.846. Longe do ideal, mas ainda assim, uma barreira contra o roubo institucionalizado. Só que a história não acabou aí.
Corta para 2023. O governo do “paz e amor” volta ao poder com seu chefe maior, Lula, e o que acontece? Um salto absurdo nas fraudes e nos descontos indevidos. E por que será? Simples: porque o controle foi afrouxado, as entidades voltaram a nadar de braçada, e os órgãos fiscalizadores, como de costume sob governos petistas, fecharam os olhos — até a coisa virar escândalo público.
Ah, mas a cereja do bolo ainda viria em 2024. A tal da Cindinap, ligada ao irmão de Lula (sim, o irmão!), burlou o sistema de biometria e colocou mais de 60 mil nomes de supostos autorizadores de desconto no sistema. Sem autorização real. Ou seja, a tecnologia foi enganada, e o dinheiro foi parar nos bolsos certos — os de sempre. Os mesmos que, anos atrás, choravam pelo fim do imposto sindical e precisavam desesperadamente de uma nova fonte de renda. Adivinha quem pagou a conta? Isso mesmo: você, aposentado brasileiro.
Quer mais ironia? Quando Bolsonaro propôs a revalidação anual, a esquerda foi à tribuna dizer que isso era perseguição. Mas quando as fraudes explodiram em 2023 e 2024, eles fizeram o quê? Nada. Não levantaram um dedo para impedir os absurdos. E só tomaram conhecimento do escândalo porque ele foi revelado pela Polícia Federal, não por iniciativa do governo.
Aliás, se depender do discurso do próprio presidente, parece que a culpa das fraudes de 2023 e 2024 ainda é do Bolsonaro. É isso mesmo. O sujeito está há mais de um ano fora do cargo, mas continua sendo o vilão oficial de todas as tragédias que ocorrem no país. Isso não é política, é roteiro de novela mexicana com roteiro reescrito pela UNE.
Mas vamos aos fatos, porque eles ainda importam (embora o PT discorde). O gráfico que mostra o volume de autorizações e descontos indevidos explode em 2023 e 2024. Não há outra explicação plausível além do abandono das medidas de controle e da ação deliberada de entidades associativas para manipular o sistema. E quando o gráfico mostra o salto, ele também revela a omissão do governo Lula, que sabia do problema, mas só reagiu porque o escândalo foi parar na mídia.
E por falar em mídia, quantos grandes veículos de comunicação denunciaram esse escândalo com a mesma veemência que criticavam Bolsonaro por tentar proteger o aposentado? Poucos. Muito poucos. Afinal, a imprensa militante sempre foi mais generosa com os amigos da “democracia”.
É impossível falar desse tema sem apontar o cinismo institucionalizado que tomou conta da política brasileira. Quando o governo Bolsonaro tentou moralizar a relação entre aposentados e entidades associativas, foi acusado de atacar os direitos dos trabalhadores. Mas agora, com provas de que sindicatos ligados ao governo roubaram, burlaram sistemas de segurança, manipularam dados e desviaram dinheiro, o que se ouve é o silêncio ensurdecedor da esquerda.
O que está em jogo aqui não é apenas uma disputa ideológica. É a dignidade de milhões de brasileiros aposentados, muitos deles analfabetos digitais, vulneráveis, sem assistência e completamente à mercê de um sistema criado para explorá-los. Quando um governo não exige que o cidadão diga, todos os anos, se quer ou não contribuir com uma associação, está abrindo a porta para o abuso.
E o abuso veio. Em 2024, ele veio com força total, com biometria burlada, com 60 mil nomes inseridos no sistema sem autorização. E com a cara de pau de quem acha que não vai dar em nada.
Se isso não der cadeia, não sei o que dá. A frase, dita no calor da indignação, resume bem o sentimento de milhões de brasileiros que, mais uma vez, se sentem traídos. Não por um erro técnico. Não por uma falha isolada. Mas por um esquema estruturado, reincidente, impune, e — pior — premiado com silêncio e conivência do governo.
O Brasil não precisa de mais desculpas. Precisa de vergonha na cara e de um sistema que proteja quem realmente precisa: o cidadão de bem, que trabalhou a vida inteira e não merece ver seu dinheiro sumir para sustentar cabides de emprego disfarçados de entidades beneficentes.
Enquanto isso, os mesmos parlamentares que destruíram a MP 871 estão aí, firmes e fortes, fingindo indignação com as fraudes, como se não tivessem feito parte do plano. Se tivessem um pingo de coerência, pediriam desculpas públicas ao país. Mas não. Continuam sorrindo para as câmeras, discursando em nome dos “direitos dos trabalhadores”, enquanto as entidades sindicais agradecem mais um depósito indevido vindo direto da conta de algum senhor de 70 anos que nem sabe que está sendo roubado.
E assim seguimos. Com um governo que diz combater a fraude, mas que se irrita quando alguém tenta, de fato, impedir que ela aconteça. Com uma esquerda que se diz progressista, mas que ainda se alimenta da máquina pública como parasita. E com milhões de brasileiros cansados de serem feitos de idiotas.
Mas como diz o ditado: os fatos são teimosos. E não há narrativa que consiga esconder o salto gráfico de 2023 para 2024. Ele está ali, cristalino. Mostrando que quando o controle é afrouxado, os ladrões agradecem. E quando os defensores da moralização são silenciados, os fraudadores fazem a festa.
O Brasil precisa urgentemente de mais Bolsonaro e menos cinismo. De mais transparência e menos esperteza. De mais responsabilidade e menos ladainha ideológica. Porque do jeito que está, aposentado no Brasil não tem descanso — nem depois de se aposentar.
Com informações Revista Oeste