
A imprensa brasileira parece ter descoberto, com certa indignação seletiva, que o Congresso Nacional ainda é um local onde se decide política. E é curioso notar que só se escandalizam quando as decisões não favorecem seus aliados ideológicos. A recente matéria publicada no portal UOL, assinada por Carolina Nogueira, Felipe Pereira e Maria Eduarda Bacellar, intitulada “Esquerda acusa Lira de influenciar avanço de cassação de Glauber Braga”, revela muito mais do que o que está nas entrelinhas da política de Brasília — ela escancara o desespero de uma esquerda que sempre jogou pelas beiradas do sistema, mas que agora se vê acuada quando os mesmos mecanismos que utilizou por décadas são usados contra ela.
A denúncia, ou melhor, o lamento travestido de denúncia, gira em torno do processo de cassação do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ). O Conselho de Ética da Câmara aprovou, por 13 votos a 5, o avanço do processo, e os parlamentares de esquerda — os paladinos da moral seletiva — não perderam tempo em apontar o dedo para Arthur Lira (PP-AL), ex-presidente da Câmara, como o “maquiavélico” articulador por trás do desfecho.
A acusação? Que Lira “interferiu” para acelerar o processo. A ironia? Durante anos, a própria esquerda usou as engrenagens do sistema político para emparedar adversários. Vide os casos emblemáticos em que adversários conservadores, liberais e cristãos foram silenciados com base em supostos “discursos de ódio”, “antidemocracia” e outros rótulos fabricados sob medida por think tanks ideológicos. Agora, quando a maré vira, o grito é alto. É a velha máxima da esquerda: a democracia só funciona quando ela está no controle.
A matéria em si é uma peça bem redigida, mas carregada de uma narrativa previsível: Lira é o vilão, Braga é o herói rebelde, e o Conselho de Ética virou o tribunal da Inquisição bolsonarista. O tom da reportagem, como é comum no jornalismo militante moderno, parte de uma premissa: se o parlamentar é de esquerda, então é vítima. Se é conservador, é autoritário. Nada novo no front.
Glauber Braga, para os que ainda não se recordam, é aquele deputado que se notabilizou por fazer da tribuna da Câmara um palanque para histerias ideológicas. Em diversos momentos, desrespeitou regras regimentais, agrediu verbalmente colegas e criou cenas mais dignas de um reality show do que de um Parlamento. É o tipo de figura que a imprensa costuma chamar de “combativo”, mas que no fim das contas só contribui para o espetáculo do caos — um estilo que lembra muito o que o próprio PT sempre valorizou em seus militantes.
Mas agora, quando o próprio Congresso decide que certos limites foram ultrapassados, e que talvez seja hora de aplicar sanções, os mesmos que celebravam cassações seletivas no passado agora falam em “perseguição”, “cerceamento de voz”, e até “ruptura democrática”. Ora, sejamos sinceros: quem foi que criou o teatro? Quem escreveu o roteiro da polarização, da judicialização da política, da militância judicial e parlamentar? A resposta está do lado esquerdo do plenário.
No fundo, o que está acontecendo é uma reorganização de forças. A esquerda, que durante os anos de PT no poder, comandou com punhos de ferro a máquina do Estado, agora assiste, atônita, a um Congresso mais plural, menos submisso à velha hegemonia ideológica. E quando figuras como Arthur Lira começam a atuar politicamente — como é natural para qualquer liderança parlamentar —, os gritos de “autoritário” e “intervencionista” surgem imediatamente.
É importante frisar: não há prova concreta de que Lira tenha agido fora das normas regimentais da Câmara. O que há é um jogo político legítimo, em que alianças, articulações e bastidores fazem parte do processo. Aliás, foi assim que o PT e seus aliados governaram por anos — com pactos, acertos, cargos e votos trocados. A diferença é que agora eles perderam o controle do tabuleiro.
Os jornalistas do UOL fazem bem seu papel de ecoar a indignação dos partidos de esquerda. Mas o leitor atento — especialmente aquele que acompanha a política sem os filtros ideológicos da grande mídia — sabe que essa narrativa tem um viés evidente. Quando um deputado conservador é cassado ou perseguido, a mesma imprensa aplaude de pé. Quando um militante de extrema esquerda enfrenta a mesma medida, é “perseguição política”.
Mas vamos além. O caso Glauber Braga também mostra como o PSOL tenta se blindar sob o manto da impunidade institucional. Trata-se de um partido que já ultrapassou todos os limites do radicalismo aceitável em uma democracia. Seus quadros frequentemente defendem abertamente o desrespeito à propriedade privada, a desobediência civil, a relativização das leis e até o aparelhamento ideológico do Judiciário e do Ministério Público. São os novos “donos da virtude”, que gritam por democracia, mas apenas quando ela serve aos seus interesses.
Essa vitimização estratégica é parte do roteiro. A ideia é simples: transformar qualquer ato legal contra a esquerda em perseguição, e assim reforçar a retórica de que o Brasil caminha para o autoritarismo. Trata-se de uma jogada retórica velha, mas que ainda funciona com uma parcela da população pouco informada e altamente influenciada pelo jornalismo militante.
Enquanto isso, figuras como Arthur Lira se tornam os vilões do momento. Curioso, porque quando Lira foi útil para o governo Lula na condução de pautas impopulares, como as reformas econômicas que a esquerda finge odiar, ele era chamado de “articulador habilidoso” e “líder pragmático”. Agora, porque um de seus desafetos enfrenta um processo legítimo no Conselho de Ética, Lira virou o “caudilho do centrão”. Não falta coerência: sobra cinismo.
É nesse ponto que os conservadores brasileiros precisam entender que a guerra de narrativas é tão importante quanto a guerra política. Cada linha escrita por jornalistas como os do UOL tem um alvo: moldar a opinião pública. E se nós, cidadãos conscientes, cristãos, patriotas e defensores da liberdade real, não reagirmos com clareza e firmeza, seremos novamente soterrados pelo rolo compressor da desinformação ideológica.
Não se trata de defender Arthur Lira como salvador da pátria, longe disso. O que está em jogo é o direito de exercer a política dentro das regras do jogo — as mesmas regras que a esquerda ajudou a escrever, mas que agora repudia quando os ventos mudam de direção.
O Brasil passa por uma transição política importante. A esquerda não detém mais o monopólio do discurso moral, embora lute desesperadamente para mantê-lo. E figuras como Glauber Braga são, em certo sentido, relíquias de um tempo que está se esgotando — um tempo em que o grito substituía o argumento, e a militância suplantava o debate.
Ao fim e ao cabo, o processo contra Glauber Braga é mais um episódio da lenta, mas necessária, reconfiguração política do país. E se há algo que realmente assusta os militantes da velha ordem é o fato de que o povo está começando a enxergar. E quando o povo vê, não há narrativa que resista por muito tempo.
Por isso, conservadores, estejam atentos. Leiam nas entrelinhas. Rejeitem o discurso pronto. Questionem a fonte. E, principalmente, não se calem diante da manipulação descarada. Porque a liberdade, essa sim, corre perigo — mas não por causa de Arthur Lira ou de um processo no Conselho de Ética. Corre perigo quando permitimos que a mentira prevaleça sobre a verdade. E essa mentira, travestida de jornalismo, é o maior inimigo da democracia de fato.
Com informações UOL