Haddad descarta aumento do Bolsa Família ao sinalizar próximas medidas fiscais

newsletter Conservadores Online

Os bastidores da política e conteúdos exclusivos

Ao clicar em Assinar, concordo com os  e a do Conservadores Online e entendo que posso cancelar as assinaturas do Conservadores Online a qualquer momento.

Enquanto o Brasil se equilibra em uma corda bamba fiscal, Fernando Haddad, ministro da Fazenda do governo Lula da Silva, voltou aos holofotes para tentar, mais uma vez, explicar o inexplicável: como um governo que insiste em aumentar gastos pode, ao mesmo tempo, prometer equilíbrio fiscal?

Nesta quinta-feira, 15 de maio, Haddad convocou a imprensa em Brasília e afirmou, em tom quase professoral, que o governo está preparando medidas específicas para tentar cumprir a meta fiscal deste ano. As declarações, publicadas pela Agência Reuters, foram feitas em meio ao aumento da desconfiança do mercado e à instabilidade do câmbio, que viu o real voltar a se desvalorizar frente ao dólar. Nada fora do esperado quando se trata de promessas vagas, declarações ambíguas e uma política econômica reativa, não proativa.

“Não é nem possível chamar de pacote, porque são medidas específicas, nenhuma delas em larga escala”, declarou Haddad, tentando passar a impressão de responsabilidade. Mas o que soa como prudência, para um olhar mais atento, revela-se apenas mais um movimento tático de contenção de danos diante de um governo que já flerta perigosamente com o populismo econômico.

O detalhe mais significativo, e que merece ser sublinhado, foi a negativa quanto ao aumento do Bolsa Família, o programa de transferência de renda que serve historicamente como uma das maiores vitrines eleitorais da esquerda. Segundo Haddad, não há qualquer plano dentro do governo para reajustar o valor pago mensalmente às famílias beneficiárias, atualmente em 600 reais. Essa declaração ecoa a fala do ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, que, na noite de quarta-feira, também afirmou que não há estudos nesse sentido.

A negativa oficial entra em contradição direta com uma reportagem publicada pela revista Veja, que apontava que o ministério de Wellington Dias estaria preparando uma proposta para elevar o benefício para 700 reais já no próximo ano. A revista reafirmou a matéria no dia seguinte, sugerindo que há, sim, conversas internas — ainda que negadas em público — sobre o reajuste.

Essa contradição expõe uma característica já conhecida do atual governo: a dualidade entre discurso e prática. A retórica pública é cuidadosamente modulada para acalmar os mercados, enquanto nos bastidores se costuram medidas que favorecem o assistencialismo e os dividendos eleitorais.

Em meio à coletiva, Fernando Haddad mencionou ainda que o relatório bimestral de receitas e despesas será divulgado no próximo dia 22 de maio, e que ele deverá conter as ações necessárias para alcançar a meta de déficit primário zero. O problema é que o histórico recente não inspira confiança. O governo Lula já deu sinais de que trata metas fiscais como sugestões, não como compromissos. E o mercado já aprendeu, com amargas lições, que entre o discurso de Haddad e a prática orçamentária há um abismo perigoso.

Não por acaso, mesmo com os esforços verbais do ministro, o real voltou a cair diante do dólar, fechando o dia com uma desvalorização superior a 1%, chegando a R$ 5,69 por dólar. O sinal foi claro: o mercado não acredita mais nas promessas do governo.

Outro ponto relevante abordado por Haddad foi o projeto para regulamentar o trabalho dos entregadores por aplicativos, uma pauta cara à base sindical que sustenta politicamente o PT. De forma genérica, o ministro informou que a medida ainda está em desenvolvimento e que não há definição final. Mais uma promessa vaga em uma longa lista de intenções que não saem do papel, mas servem bem ao discurso ideológico do governo.

Em resumo, o que se viu foi mais um episódio do teatro fiscal que o governo Lula tem encenado desde o primeiro dia de mandato. A retórica é de responsabilidade, mas os bastidores seguem sendo regidos por interesses eleitoreiros. As medidas não são um plano de governo — são tentativas desesperadas de evitar o colapso fiscal iminente.

Um governo refém do populismo

O mais irônico em toda essa encenação é que, quando o PT estava na oposição, qualquer tentativa de ajuste fiscal era tachada de “austericídio”. Agora, com o caixa apertado e as agências de risco observando com lupa, o governo tenta vestir a fantasia de responsabilidade. Mas como acreditar em um governo que elevou o funcionalismo, criou novos ministérios, ampliou gastos e, mesmo assim, promete déficit zero?

É importante lembrar que o Brasil encerrou 2024 com um rombo fiscal de R$ 230 bilhões. E mesmo com essa tragédia nas contas públicas, Lula continua a repetir que “não há problema de gasto”, e que o que falta é “arrecadar mais dos ricos”. Ou seja, a solução será sempre mais impostos, mais Estado, mais intervencionismo.

Para o público conservador, essa postura é o reflexo de uma ideologia que vê o Estado como provedor absoluto, mesmo quando os números gritam por contenção. O problema é que a matemática não é ideológica: gastar mais do que se arrecada, ano após ano, leva inevitavelmente à inflação, à fuga de capitais e ao empobrecimento generalizado. E não há retórica progressista capaz de alterar essa realidade.

O Bolsa Família como moeda de troca

A discussão sobre o reajuste do Bolsa Família vai além da contabilidade pública. Ela toca no cerne da manipulação política do assistencialismo. O governo, mesmo negando o aumento neste momento, não o descartou para o futuro. Pelo contrário: a própria reportagem da Veja sugere que o reajuste de R$ 600 para R$ 700 já está em análise para 2026, ano eleitoral.

Trata-se de um movimento conhecido. Lula, mestre na arte de usar o orçamento como ferramenta de poder, sabe que o aumento de programas sociais em anos eleitorais garante fidelidade de voto. Ainda que o país afunde em dívidas, o que importa é a manutenção do projeto de poder.

E aqui reside o verdadeiro perigo: a transformação do orçamento público em palanque eleitoral. Para os conservadores, o Estado deve ser instrumento de estabilidade, não de chantagem emocional com a população carente.

O silêncio eloquente do Congresso

Enquanto Fernando Haddad se esforça para manter a narrativa do equilíbrio, o Congresso Nacional segue em silêncio diante da incongruência das políticas econômicas do governo. Deputados e senadores que deveriam estar fiscalizando o Executivo parecem mais preocupados com emendas parlamentares do que com a responsabilidade fiscal.

A ausência de um verdadeiro freio institucional permite que o governo avance com discursos inconsistentes e promessas disfarçadas. E o resultado disso será, inevitavelmente, a explosão da dívida pública e a perda da credibilidade internacional.

A história já nos mostrou que governos que brincam com as finanças públicas terminam empurrando o país para crises prolongadas. A Argentina é o exemplo mais próximo — e mais trágico — de onde essa estrada pode nos levar.

A verdade por trás da cortina de fumaça

A entrevista de Fernando Haddad, noticiada pela Agência Reuters, não passa de mais um capítulo da estratégia do governo Lula para manter as aparências enquanto prepara o terreno para decisões que atendam exclusivamente aos seus interesses políticos.

A negativa sobre o aumento do Bolsa Família, embora conveniente neste momento, está longe de ser definitiva. O histórico do governo mostra que o discurso sempre se adapta à conveniência eleitoral. E enquanto isso, a economia real — aquela que afeta diretamente o bolso do cidadão brasileiro — continua sendo desprezada em nome da manutenção do poder.

Os conservadores não podem se deixar enganar por declarações cuidadosamente formuladas. É preciso olhar além das manchetes e identificar os sinais que apontam para um Estado cada vez mais aparelhado, endividado e distante da responsabilidade que a sociedade brasileira exige.

O Brasil precisa urgentemente de uma guinada de responsabilidade, de compromisso com a verdade, com a liberdade econômica e com os valores que estruturam uma nação forte. O resto é cortina de fumaça — e já vimos esse filme antes.

Com informações Reuters

Leandro Veras

Editor do Conservadores Online, é cristão, conservador e analisa os bastidores da política com visão crítica e firmeza.

Você vai gostar em ficar sabendo

⚠️ Comentários que violarem as regras da Política e Privacidade, poderão ser moderados ou removidos sem aviso prévio. Este é um espaço para quem valoriza a verdade, o conservadorismo e a ordem. Se concorda com isso, seja bem-vindo ao debate! 🚀

Destaques

plugins premium WordPress