
Na madrugada desta quarta-feira, 7 de maio de 2025, o jornalista Ramiro Brites, do portal Metrópoles, trouxe à tona um escândalo que evidencia as entranhas de um sistema corrompido: o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) poupou entidades ligadas a figuras políticas influentes, como o irmão do presidente Lula e um ex-ministro do governo Bolsonaro, de processos de responsabilização por fraudes bilionárias contra aposentados.
Segundo a reportagem, o Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos da Força Sindical (Sindnapi), com Frei Chico, irmão de Lula, como vice-presidente, arrecadou R$ 259,2 milhões entre 2019 e 2024 por meio de descontos em aposentadorias. Apesar de estar entre as entidades que mais lucraram com esses descontos, o Sindnapi não foi incluído nos processos administrativos abertos pelo INSS para apurar fraudes.
Outra entidade mencionada é a Confederação Nacional de Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais (Conafer), que aumentou seus descontos em aposentadorias em 57.000% no mesmo período e é ligada ao ex-ministro da Previdência de Bolsonaro, José Carlos Oliveira. A Conafer também foi poupada das investigações iniciais do INSS.
A Controladoria-Geral da União (CGU) assumiu a condução dos procedimentos, alegando a necessidade de garantir “uniformidade, harmonia e coesão” nas apurações. No entanto, a exclusão dessas entidades levanta suspeitas sobre possíveis influências políticas na condução das investigações.
O escândalo do INSS, revelado inicialmente pelo Metrópoles em dezembro de 2023, já resultou na abertura de inquérito pela Polícia Federal e na deflagração da Operação Sem Desconto em abril de 2025. A operação levou à demissão do presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, e do ministro da Previdência, Carlos Lupi.
A reportagem de Brites destaca que, apesar das evidências de irregularidades, o INSS não respondeu aos questionamentos sobre os critérios utilizados para a abertura dos processos de responsabilização e a exclusão das entidades mencionadas.
Este caso evidencia a necessidade de uma investigação imparcial e abrangente, que não poupe ninguém, independentemente de vínculos políticos. A confiança da população nas instituições públicas depende da transparência e da justiça na apuração de casos de corrupção e desvio de recursos públicos.
A omissão do INSS em incluir entidades ligadas a figuras políticas influentes nas investigações é inaceitável e reforça a percepção de que há uma proteção seletiva no sistema. É fundamental que as autoridades competentes atuem com rigor e imparcialidade para garantir que todos os responsáveis sejam devidamente responsabilizados e que os recursos desviados sejam recuperados em benefício dos aposentados prejudicados.
A sociedade brasileira não pode tolerar a impunidade e a conivência com práticas corruptas que lesam os mais vulneráveis. É hora de exigir responsabilidade e integridade daqueles que ocupam cargos públicos e têm o dever de zelar pelo bem-estar da população.
Veja quais são as 12 entidades alvos de processo no INSS/CGU
- Associação de Suporte Assistencial e Beneficente para Aposentados Servidores e Pensionistas do Brasil (Asabasp)
- Appn Benefícios (Aapen, ex-Absp)
- Associação dos Aposentados e Pensionistas dos Regimes Geral da Previdência Social (AAPPS Universo)
- Associação dos Aposentados e Pensionistas do Brasil (AAPB)
- Associação Brasileira dos Aposentados Pensionistas e Idosos (Asbrapi)
- Centro de Estudos dos Benfícios dos Aposentados e Pensionistas (Cebap)
- União Nacional de Auxílio aos Servidores Públicos (Unaspub)
- Associação no Brasil de Aposentados e Pensionistas da Previdência Social (Apbrasil)
- Associação de Aposentados Mutualista para Benefícios Coletivos (Ambec)
- Confederação Brasileira dos Trabalhadores da Pesca e Aquicultura (CBPA)
- Caixa de Assistência aos Aposentados e Pensionistas (Caap)
- Associação de Proteção e Defesa dos Direitos dos Aposentados e Pensionistas (Apdap Prev/Acolher)
Com informações Metrópoles