
É com uma ponta de ironia e muito senso crítico que recebemos, neste 7 de abril, a celebração do chamado “Dia dos Jornalistas”. Um momento perfeito para revisitarmos aquele grupo que, de tempos em tempos, surge em coro afinado para proclamar que “só o jornalismo profissional é capaz de combater as fake news”. Uma afirmação que, num país mergulhado em crises de credibilidade, não poderia soar mais cínica.
A matéria publicada pela Agência Brasil, intitulada “Dia dos jornalistas: como conteúdos profissionais podem vencer fakes”, é um verdadeiro tratado sobre a arrogância institucionalizada. Um desfile de vozes acadêmicas alinhadas, todas reforçando a mesma narrativa: a de que o problema da desinformação está nas “mentiras compartilhadas por amadores”, e não nos erros sistemáticos — e muitas vezes deliberados — cometidos pelos “profissionais da verdade”.
Não nos enganemos: o texto é cuidadosamente montado para parecer técnico, neutro, quase científico. Mas por trás dessa fachada de racionalidade, esconde-se um discurso político — enviesado, progressista, centralizador — que trata o público como um rebanho desorientado precisando de pastores iluminados com diplomas de jornalismo. E, claro, financiados pelo Estado.
Como se a verdade fosse monopólio da academia e dos grandes conglomerados de mídia.
Vamos destrinchar esse monumento ao autoengano.
A “guerra” entre o bom e o mau jornalismo: uma farsa conveniente
Logo no início, o texto da Agência Brasil descreve um “duelo”: de um lado, as postagens amadoras, cheias de indignação e denúncias; do outro, os jornalistas profissionais, com sua “checagem de fatos” e apuração rigorosa. Mas a pergunta que não quer calar é: quem checa os checadores? Quem garante que essa tal “apuração” está mesmo desprovida de interesses ideológicos ou partidários?
A verdade é que a imprensa tradicional já não goza de credibilidade junto à população. E não é porque as pessoas “não sabem mais interpretar informações”, como insinuam os entrevistados da reportagem. É porque o povo se cansou de ser enganado, manipulado, silenciado. Quantas “notícias” produzidas por profissionais foram desmentidas nos últimos anos? Quantas narrativas foram construídas — e depois desmoronaram diante da realidade, sem que ninguém pedisse desculpas?
Lembram-se da cobertura sobre as manifestações populares de 2013? Da tentativa de rotular conservadores como “antidemocráticos”, “radicais”, “ameaças à república”? E a conivência descarada com escândalos envolvendo figuras da esquerda, sempre tratados com eufemismos e relativizações?
O problema, caros leitores, não é o crescimento da produção independente de conteúdo, mas sim o vazio ético deixado pelo jornalismo profissional, que hoje se comporta como uma militância disfarçada de imprensa.
A “democratização da informação” como vilã?
A reportagem menciona a professora Sílvia Dal Ben, que, diretamente da Universidade do Texas, lamenta que a internet tenha popularizado o acesso à produção de conteúdo. Para ela, a democratização da mídia levou a uma “Torre de Babel”. Ora, mas não era a internet o grande sonho de liberdade e pluralidade? Não era isso que os próprios jornalistas celebravam nas décadas passadas?
A verdade é que o que incomoda essa elite da informação não é a desinformação — é a concorrência. Eles não suportam ver cidadãos comuns com voz própria, denunciando injustiças, analisando fatos, ganhando audiência e — pasmem — sendo mais confiáveis do que a mídia estatal.
Aliás, soa irônico que uma reportagem preocupada com fake news seja publicada justamente pela Agência Brasil, um braço oficial do governo federal, historicamente utilizado como ferramenta de propaganda por sucessivos presidentes, inclusive por governos de viés autoritário.
Quando a professora afirma que a imprensa precisa de “tempo e recursos” para produzir informação de qualidade, o que ela está dizendo, em bom português, é que precisam de mais dinheiro público. É o velho vício da esquerda acadêmica: estatizar a verdade, regulamentar a opinião, e, claro, receber verbas para isso.
O romantismo da checagem e a farsa do jornalismo imparcial
Outro ponto repetido à exaustão é que a checagem de fatos é o grande diferencial do jornalismo profissional. Mas o que se vende como técnica é, muitas vezes, militância disfarçada de objetividade. A suposta “checagem” virou arma ideológica: fatos desconfortáveis para certos grupos políticos são chamados de “descontextualizados”, enquanto absurdos convenientes para a esquerda são promovidos como verdades absolutas.
E, não, isso não é teoria da conspiração. Basta ver como certos veículos tratam notícias envolvendo Jair Bolsonaro, por exemplo. Acusações contra ele ganham manchetes, enquanto denúncias contra figuras como Lula, Gleisi Hoffmann ou Alexandre de Moraes são relegadas a notas de rodapé — se é que aparecem.
A jornalista Fabiana Moraes, também ouvida pela Agência Brasil, sugere que a solução é usar a estética das redes sociais para embutir ali conteúdos “responsáveis”. Em outras palavras: usar as ferramentas de viralização popular para empurrar a velha narrativa com roupa nova. Como se o problema estivesse na embalagem, e não no conteúdo.
Alfabetização para quê?
A cereja do bolo, no entanto, está na ideia de que o brasileiro precisa ser “alfabetizado para a mídia”. É o ápice do paternalismo. Trata-se de um argumento autoritário, que considera o povo incapaz de discernir o que é verdade ou mentira — e, por isso, precisa ser doutrinado por “especialistas”.
Mas o que essas professoras não explicam é o seguinte: quem vai escolher o conteúdo dessa alfabetização? Quem define o que é verdade? O STF? A UnB? A FENAJ?
Essa obsessão por “combater fake news” esconde um projeto muito mais perigoso: o controle do pensamento. Uma tentativa de criar uma nova censura, travestida de pedagogia midiática, onde só há lugar para as ideias que se alinham ao establishment progressista-globalista.
A falsa pluralidade de escuta
Por fim, a presidente da FENAJ, Samira de Castro, encerra a matéria com a clássica falácia do “compromisso com a verdade”. Fala-se em “escuta plural”, em ética, em consistência. Mas quando foi a última vez que um grande veículo ouviu com respeito um deputado conservador? Quando foi que a grande imprensa noticiou com isenção uma denúncia contra ONGs de esquerda ou grupos que promovem o aborto ou a ideologia de gênero nas escolas?
A verdade é que a “escuta plural” só serve para quem ecoa a mesma cartilha ideológica. Conservadores, religiosos, ruralistas, empresários, defensores da vida e da família — todos são sistematicamente caricaturados como vilões, enquanto os “movimentos sociais” são retratados como santos ungidos da democracia.
Essa duplicidade moral — que denuncia as fake news dos outros, mas acoberta os próprios erros — é o que transformou a imprensa num dos setores mais desacreditados do Brasil. E não será com mais arrogância que irão recuperar essa confiança.
É por isso que o jornalismo alternativo e independente cresce. Porque ele nasce da vivência real, da observação atenta, do inconformismo com a manipulação. Porque ele é feito por pessoas comuns, mas honestas. Por cidadãos que não devem nada a políticos, nem a partidos, nem a agências governamentais.
Sim, há conteúdos ruins e maliciosos no meio digital. Assim como há jornais tradicionais que já publicaram barbaridades impunes. Mas o caminho não é calar vozes nem entregar o monopólio da informação aos mesmos de sempre.
O caminho é a liberdade. É o debate. É a vigilância constante contra o autoritarismo de toga, de farda ou de redação.
Neste Dia dos Jornalistas, fica a reflexão: quem está mesmo lutando pela verdade — e quem só está tentando proteger seus privilégios sob o pretexto de proteger a sociedade?
Que cada leitor tire suas próprias conclusões. Afinal, a verdade não tem carimbo oficial — e muito menos patrocínio estatal.
Com informações Agência Brasil