
Em mais uma jogada que mistura populismo com cortina de fumaça, o senador Jaques Wagner, do Partido dos Trabalhadores (PT), celebrou nesta semana nas redes sociais uma Medida Provisória assinada por Lula que promete ampliar a gratuidade na conta de luz para famílias de baixa renda. Segundo o parlamentar, milhões de brasileiros serão beneficiados por essa iniciativa que, ainda de acordo com ele, reforça o “compromisso do governo com a justiça social e a sustentabilidade no setor elétrico”.
Sim, você leu certo. É mais uma tentativa do PT de se apropriar de uma narrativa salvadora, como se tivesse surgido do nada para resolver todos os males sociais do Brasil — sendo que boa parte deles foi alimentada, fomentada e agravada justamente por sucessivos governos da esquerda. A proposta, à primeira vista, parece nobre: quem ousaria ser contra o benefício de famílias pobres? Mas, como quase tudo que vem do petismo, o diabo mora nos detalhes — ou melhor, na conta que virá depois, e não será baixa.
Para começar, é fundamental entender o que essa Medida Provisória realmente significa. Trata-se de um movimento de curto prazo que antecipa recursos da Eletrobras para abater tarifas de energia. Mas quem financia isso? Eletrobras, uma empresa que foi privatizada e que, portanto, deve prezar pela eficiência econômica, agora terá que tirar do próprio caixa um montante bilionário que não será fruto de aumento de produtividade, mas sim de interferência estatal.
Milhões de famílias brasileiras serão beneficiadas pela Medida Provisória assinada pelo presidente @LulaOficial na manhã de hoje.
— Jaques Wagner (@jaqueswagner) May 21, 2025
Funciona assim: a decisão amplia a gratuidade na conta de luz para famílias de baixa renda, ajudando quem mais precisa.
A MP também antecipa… pic.twitter.com/rXGHz7SYyW
E o que isso significa, no fim das contas? Significa que, na prática, o governo está reestatizando os impactos das decisões populistas — e adivinha quem pagará a conta? Todos nós. Especialmente a classe média, o pequeno empreendedor, o trabalhador que paga seus impostos em dia e que verá os reajustes das tarifas futuras compensarem essa “benevolência” momentânea. Nada é de graça no Brasil, exceto o marketing petista.
Jaques Wagner, como de costume, veste a fantasia de justiceiro social. Em seu tweet, alardeia que o Brasil “segue dando a volta por cima”. Mas sobre o que exatamente ele está falando? Os dados econômicos ainda estão claudicantes. A inflação pode estar sob controle numérico, mas o brasileiro sente no bolso que o poder de compra está estagnado. O desemprego, embora maquiado estatisticamente, ainda castiga milhões, e a carga tributária continua sufocante. Não, senador, o Brasil não está dando a volta por cima — está sendo empurrado para o abismo com sorriso no rosto.
Esse tipo de medida — vendida como avanço social — esconde uma grande armadilha econômica e ideológica. A primeira delas é a dependência institucionalizada do Estado. Ao invés de estimular a geração de empregos, o empreendedorismo e a concorrência saudável no setor elétrico, o governo prefere ampliar a rede de assistencialismo. A mensagem que se passa é simples e destrutiva: “não se preocupe em crescer, o Estado cuida de você”.
É claro que toda nação civilizada deve proteger os mais vulneráveis. Mas proteger não é infantilizar. Não é criar uma geração de cidadãos que vivem de favores políticos e que precisam renovar sua “lealdade” a cada ciclo eleitoral. Isso não é solidariedade — é chantagem institucionalizada. O assistencialismo, quando usado como trampolim para a ascensão, é virtuoso. Mas quando se transforma em vício de manutenção no poder, ele se torna a pior forma de dominação: aquela que escraviza sob a aparência de amparo.
Outro ponto que precisa ser dito com todas as letras: o PT não entende — ou finge não entender — o conceito de sustentabilidade econômica. Ao falar em “justiça social e sustentabilidade no setor elétrico”, Jaques Wagner mistura termos de apelo ideológico para ocultar um dos maiores vícios do lulismo: intervencionismo barato, travestido de modernidade e inclusão.
Vamos aos fatos. A sustentabilidade no setor elétrico passa por investimento, inovação, previsibilidade regulatória e estímulo à livre concorrência. O que a Medida Provisória faz é justamente o oposto: interfere no planejamento das empresas, gera insegurança jurídica, desincentiva novos investidores e transforma a Eletrobras num caixa eletrônico a serviço do marketing estatal. O resultado, como sempre, será uma conta mais salgada no futuro. E não será paga pelo Planalto, mas por você, cidadão comum.
Há ainda o aspecto político da medida. Não é coincidência que este anúncio venha num momento em que o governo enfrenta desgaste por escândalos envolvendo a Petrobras, o BNDES, e a crescente tensão institucional provocada pela atuação do STF em pautas claramente políticas. A MP da energia aparece como uma espécie de nuvem de fumaça, desviando a atenção da opinião pública e passando a impressão de que o governo está preocupado com “quem mais precisa”.
Mais uma vez, a esquerda usa o povo como escudo retórico enquanto arma manobras de bastidor. É a tática mais velha da política brasileira: gere caos nos bastidores e distribua migalhas na vitrine. E, como sempre, com direito a slogan: “justiça social, sustentabilidade, Brasil voltando por cima”. Poderiam ao menos tentar variar os clichês.
Também é importante observar o momento geopolítico. Enquanto o mundo busca formas de equilibrar energia limpa com crescimento econômico sustentável, o Brasil caminha na contramão. Ao invés de fomentar fontes alternativas de energia com base em inovação privada, o governo recorre ao expediente fácil: forçar empresas a “doarem” parte do lucro para subsidiar tarifas. Essa atitude afasta investidores internacionais, agrava o clima de desconfiança no mercado e empurra o país para um modelo retrógrado de gestão estatal, típico das repúblicas bolivarianas com as quais o PT tanto flerta.
Vale lembrar que essa política de “bondade forçada” não é nova. Durante os anos dourados do populismo petista, entre 2003 e 2016, vimos tarifas artificialmente reduzidas, investimentos minguando, e um setor elétrico em crise de abastecimento. Em 2014, o Brasil flertou com o apagão. E não foi por falta de energia natural — foi por incompetência administrativa e decisões políticas equivocadas. E agora, com Lula de volta ao poder, os velhos erros estão sendo reciclados com nova embalagem.
Os conservadores de verdade não são contra o auxílio aos mais pobres. Mas são, sim, radicalmente contra medidas que usam a pobreza como instrumento de poder. A verdadeira justiça social nasce da liberdade econômica, da educação de qualidade, da segurança jurídica e da valorização do mérito. Mas esses termos são palavrões no dicionário da esquerda, que prefere alimentar a miséria para mantê-la sob controle.
A pergunta que fica para o leitor atento é simples: por que o governo, que se diz comprometido com a justiça social, não reduz a carga tributária sobre a conta de luz? Por que não elimina encargos que pesam sobre a geração e distribuição? Por que não incentiva novos players no setor com menos burocracia e mais liberdade de atuação? A resposta é clara: isso tiraria o poder das mãos do Estado, e o PT não vive sem controle. Eles não querem que o cidadão se emancipe — querem que ele dependa.
E aqui reside a grande diferença entre conservadores e progressistas de ocasião. Nós acreditamos que a dignidade do cidadão está em sua liberdade para prosperar, e não na sua dependência para sobreviver. A verdadeira política pública eficaz é aquela que cria oportunidades, e não apenas que distribui recursos. É aquela que forma cidadãos ativos, e não apenas beneficiários passivos.
A Medida Provisória celebrada por Jaques Wagner é apenas mais um capítulo da velha novela populista. Bonita por fora, disfarçada de progresso, mas apodrecida por dentro, cheia de vícios, mentiras e intenções questionáveis. O Brasil precisa urgentemente de um choque de realismo político, responsabilidade fiscal e ética na condução dos recursos públicos. E isso jamais virá do Partido dos Trabalhadores, cuja história recente é marcada por escândalos, aparelhamento do Estado e uma sede insaciável de poder.
Portanto, caro leitor, desconfie dos sorrisos fáceis, das promessas com sabor de milagre e dos políticos que se autoproclamam salvadores dos pobres. A liberdade é construída com esforço, não com esmolas. E a verdadeira justiça não se faz com tarifa zero, mas com crescimento sustentável, responsabilidade administrativa e, acima de tudo, com respeito à inteligência do povo brasileiro.