
O que era para ser uma viagem estratégica, repleta de gestos calculados e diplomacia de alto nível, virou um espetáculo tragicômico protagonizado pelo casal presidencial mais performático do Brasil. Lula e Janja, em pleno encontro reservado com Xi Jinping, decidiram transformar a pauta em um episódio de talk show. E claro, o assunto central? Não foram acordos bilionários, parcerias comerciais ou avanços tecnológicos — foi o TikTok.
Sim, caro leitor. Você não leu errado. Enquanto os olhos do mundo estavam voltados para possíveis alianças em meio à tensão entre China e Estados Unidos, o Brasil resolveu abrir a boca para falar sobre… algoritmos que favorecem a direita. Porque, na cabeça da atual elite progressista que ocupa o Planalto, o maior inimigo da democracia brasileira é um app de dancinha.
Segundo relatos publicados no blog da jornalista Andréia Sadi, com participação de Valdo Cruz, a primeira-dama Janja da Silva pediu a palavra — sem estar na programação oficial — para discursar sobre os efeitos nocivos do TikTok, alegando que a plataforma chinesa estaria fortalecendo a extrema direita no Brasil. Em outras palavras: se a esquerda está perdendo narrativa e audiência, só pode ser culpa do algoritmo estrangeiro.
Sim, isso aconteceu numa reunião de chefes de Estado.
O constrangimento foi imediato. Fontes que participaram da reunião relataram que ninguém entendeu o que estava acontecendo. E sinceramente? Nem a gente, nem os chineses, nem os próprios ministros sabiam onde enfiar a cara. Um deles teria dito, em tom de desabafo: “Ninguém entendeu nem o tema, nem o pedido para falar.”
Mas como se não bastasse a exposição, Lula decidiu piorar tudo. Em entrevista, irritado com o vazamento, afirmou que ele foi quem fez a pergunta. Segundo sua versão — pouco convincente, diga-se —, ele teria questionado Xi Jinping sobre o universo digital, e a Janja apenas complementou a fala. E aqui entra a cereja do bolo: “Minha mulher não é cidadã de segunda classe. Ela entende mais de rede digital do que eu.”
Claro. Porque quando pensamos em expertise em tecnologia digital, lembramos de Janja, a socióloga ativista. Aparentemente, ela sabe tanto de algoritmo quanto Lula sabe de mercado financeiro.
Essa confusão é mais do que uma gafe internacional. É um retrato fiel do Brasil que está sendo governado pela lacração institucionalizada, onde até as reuniões diplomáticas viram espaço para discursos ideológicos mal formulados. O TikTok, que já é alvo de investigações em vários países por motivos sérios como espionagem, coleta abusiva de dados e influência política, foi abordado por Lula e Janja como se fosse um personagem de novela que precisa ser cancelado.
Mas calma, a novela não acaba aí. Durante a mesma coletiva em que tentou se justificar, Lula ainda teve tempo para enaltecer o legado de Pepe Mujica, falar de um suposto pedido de paz feito pessoalmente a Vladimir Putin e avisar que Donald Trump não representa uma ameaça comercial aos interesses brasileiros. Um festival de declarações vazias, como se o presidente vivesse num reality show internacional onde cada episódio precisa de um “plot twist” novo para manter a audiência.
E no meio de tudo isso, o que sobrou foi a imagem do Brasil como uma república de amadores. A China — maior parceira comercial do Brasil — provavelmente esperava conversar sobre acordos estratégicos de infraestrutura, comércio de commodities, investimentos em energia limpa, talvez até sobre cooperação tecnológica. Em vez disso, ouviu uma explanação emocional sobre o TikTok e o “perigo da extrema direita” — tema que, cá entre nós, soa ainda mais bizarro vindo de quem censura adversários e promove uma militância institucionalizada sem precedentes.
E agora? O presidente afirma que Xi Jinping mandará uma pessoa da confiança do governo chinês ao Brasil para “discutir a questão digital”. Como se o TikTok fosse a grande chaga da nação… Enquanto o povo brasileiro enfrenta inflação, violência urbana, crise educacional, aparelhamento estatal e um cenário político sufocante, Lula quer convocar uma cúpula para debater vídeos de dancinha e opiniões conservadoras online.
É como chamar um cardiologista para resolver uma dor de unha.
A grande ironia de tudo isso é que o governo que mais fala em “democracia”, “pluralidade” e “combate ao discurso de ódio” é o mesmo que não suporta oposição, não tolera críticas e agora pretende REGULAMENTAR o ambiente digital para silenciar vozes divergentes. Sim, o discurso “fofinho” sobre proteger mulheres e crianças nas redes não passa de um pretexto para censura, como já se viu em inúmeras ocasiões envolvendo decisões do STF e campanhas publicitárias do governo.
Aliás, o próprio Lula reafirmou que é preciso “regulamentar as redes digitais” porque “não é possível continuar com os absurdos que são cometidos”. Mas que absurdos são esses? O povo questionando o governo? O cidadão expondo mentiras? A juventude que já não compra mais o discurso revolucionário? O que incomoda de verdade é a voz da maioria silenciosa que resiste à doutrinação.
E se você pensa que tudo isso é apenas uma cena isolada, pense de novo. Esse episódio expõe a lógica de governo em curso no Brasil: um projeto personalista, onde Janja tem mais influência do que qualquer ministro, onde o Estado funciona como um palco de ativismo, onde relações exteriores são usadas para promover narrativas internas, e onde o bom senso foi definitivamente exilado.
No fim das contas, o maior símbolo dessa viagem à China não foi um novo tratado ou um avanço estratégico, mas a vergonha alheia de ver uma comitiva presidencial se comportando como adolescentes em busca de likes. O TikTok virou metáfora da gestão atual: muita performance, pouca substância.
E sabe qual a real ameaça para o Brasil? Não é o TikTok, nem a “extrema direita digital”. É um governo que trata a liberdade de expressão como um inimigo e transforma a diplomacia em espetáculo político.
O brasileiro médio — que trabalha, paga impostos e tenta sobreviver à insegurança jurídica e econômica — não se importa com o algoritmo do TikTok. Ele se importa com o preço da carne, com a conta de luz, com o acesso à saúde, com a qualidade da educação. Mas isso, pelo visto, não cabe no roteiro do show diário de Brasília.
Enquanto isso, na China, Xi Jinping deve estar tentando entender por que o Brasil insiste em falar de aplicativo enquanto o mundo inteiro fala de poder, guerra e soberania.
E nós, aqui no Brasil, seguimos assistindo a tudo isso, torcendo para que um dia a política volte a ser feita por estadistas, e não por influencers de gabinete.