
Sim, meu caro leitor conservador, você não leu errado. O ministro Alexandre de Moraes, do alto de sua toga e de sua vaidade, decidiu — mais uma vez — determinar o futuro político do Brasil por meio de uma entrevista internacional. Desta vez, na pomposa e ideológica revista americana “The New Yorker”, que trata os conservadores com a mesma simpatia que um escorpião reserva ao sapo. O palco foi gringo, mas o recado foi direto ao povo brasileiro: não há possibilidade de Jair Bolsonaro voltar ao poder.
Vamos respirar fundo. O que está em jogo aqui não é apenas a elegibilidade de Bolsonaro, mas a autonomia do voto popular, o papel das Forças Armadas, a soberania nacional e, principalmente, o perigoso teatro autoritário que se instalou nos bastidores do Judiciário. Um juiz da mais alta corte do país decide que “não vê possibilidade” do retorno de um ex-presidente porque… bem, porque ele não vê possibilidade. Pronto. Não há discussão. Não há recurso. Não há contraponto. Só há o verbo da toga suprema, e isso é suficiente.
Na entrevista, o ministro revela — com uma ironia quase cinematográfica — que não pode morrer, pois é “o herói do filme”. A frase, digna de um roteiro barato de super-herói com ego inflado, escancara a visão messiânica que Alexandre de Moraes tem de si mesmo. Para ele, a Constituição é um roteiro, e ele é o diretor, o protagonista e o crítico. Os outros? Apenas figurantes descartáveis, inclusive o eleitor.
E não se engane: toda essa encenação tem endereço certo — a direita conservadora brasileira e seus líderes. Moraes vai além de Bolsonaro. Em sua cruzada, ele se coloca como o último bastião contra um suposto “nazismo digital”, comparando as redes sociais a instrumentos de Goebbels, o sinistro propagandista nazista. Sim, o ministro do STF comparou o Twitter, agora chamado de X, ao veículo que teria permitido aos nazistas conquistar o mundo. Estamos mesmo nesse nível de delírio institucional.
Claro, não poderia faltar o embate com o “vilão global” Elon Musk, a quem Moraes acusa de querer controlar o mundo e, portanto, de ser pessoalmente responsável por não seguir suas ordens. Um ministro do Supremo brasileiro em guerra ideológica com um bilionário estrangeiro. Isso, meu amigo, não é justiça. Isso é novela distópica.
Mas o ponto alto — ou o fundo do poço, dependendo de sua perspectiva — foi a afirmação categórica de que Bolsonaro está fora do jogo político até 2030 e que nenhuma reversão será feita no STF. Ora, quem é Alexandre de Moraes para antecipar o resultado de processos futuros? Que tipo de justiça é essa que já tem um veredicto antes do julgamento? Isso é Justiça ou ativismo de toga?
Não podemos ignorar a simbologia política dessa entrevista. Ao escolher a “The New Yorker” como plataforma, Moraes sinaliza aos aliados internacionais do progressismo — da ONU ao Partido Democrata dos EUA — que o Brasil está em boas mãos. Tradução: o conservadorismo brasileiro está sendo domado, e os “radicais de direita” estão sendo neutralizados um a um.
Não por acaso, Moraes faz questão de lembrar que até a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, ou os filhos do ex-presidente, não têm a mesma “relação com as Forças Armadas”. É uma mensagem cifrada, mas claríssima: o que está em jogo não é só a elegibilidade, mas o legado político, militar e moral de Jair Bolsonaro. Tudo isso precisa ser desfeito, reescrito e apagado dos livros de história pelo novo regime togado.
E o que dizem os grandes jornais brasileiros sobre isso? A Valor Econômico, por exemplo, repercute a entrevista com aquela neutralidade fingida de sempre, como quem diz: “Não temos lado, só reproduzimos os fatos.” Mas os conservadores bem sabem que o silêncio sobre o absurdo é a mais eloquente das cumplicidades. Quando um ministro do Supremo afirma categoricamente que um político está fora do jogo sem possibilidade de reversão, isso é o fim da segurança jurídica. É o início do autoritarismo por conveniência.
Ainda na entrevista, o ministro exibe com orgulho a velocidade com que mandou prender pessoas após os eventos de 8 de janeiro. Ele não menciona, porém, os excessos, os abusos, os presos sem julgamento, os sigilos eternos e as violações de garantias fundamentais que escandalizaram até juristas internacionais. Mas, claro, na narrativa oficial, tudo isso se justifica “para salvar a democracia”.
Moraes não quer só julgar. Ele quer educar. Reeducar. Reprogramar. Como um novo profeta jurídico, ele quer ensinar ao povo brasileiro o que é liberdade — mesmo que para isso ele precise censurar, banir, calar e prender. Afinal, como ele mesmo diz, “não toleraremos o caos”. Mas que caos? A liberdade de expressão? A manifestação política? A eleição de um conservador?
É sintomático que o próprio Donald Trump seja citado na reportagem como um “inimigo ideológico” do nosso ministro supremo. Aliás, a empresa de mídia de Trump moveu um processo nos EUA contra Moraes por censura. E a resposta dele? “Completamente infundado.” Claro. Porque o mundo inteiro está errado. Só Moraes está certo.
Para completar o show de horrores, o ministro ainda debocha dos apelidos recebidos nas redes sociais — como o de “Voldemort Sith”, dados por Musk. Ele ri, com a mesma leveza de quem não teme oposição alguma. Afinal, quem o desafiar, vai preso. Quem discordar, será banido. E quem insistir, será calado judicialmente.
Esse é o retrato atual da justiça brasileira sob o império da toga autoritária. Um ministro que se coloca como juiz, vítima, herói e censor. Um homem que julga e sentencia antes mesmo do processo começar. Um agente político disfarçado de magistrado, legitimado por uma imprensa militante e por uma elite que teme o povo.
A entrevista à “The New Yorker” é muito mais do que um recado a Bolsonaro. É uma tentativa de selar o futuro político do Brasil com carimbo internacional. É como se Moraes dissesse: “Podem ficar tranquilos. A direita brasileira está sob controle. Nós vencemos.”
Mas será mesmo?
A história nos mostra que regimes que sufocam a liberdade em nome da ordem logo descobrem que a ordem sem liberdade é apenas tirania com verniz jurídico. A democracia, sem alternância de poder, sem o direito de defesa, sem liberdade de expressão, não passa de uma farsa institucionalizada.
E, para quem ainda acredita que a Constituição é maior que qualquer ministro, a esperança permanece viva. Porque por mais que tentem apagar, reescrever e reprimir, a verdade sempre encontra um jeito de ressurgir — nas urnas, nas ruas ou nas redes.
E que fique registrado, para a posteridade e para os algoritmos da censura:
Bolsonaro ainda vive no coração de milhões de brasileiros. E nenhuma entrevista em revista americana, nenhuma decisão monocrática e nenhuma censura disfarçada vai mudar isso.
Porque um povo que não desiste, sempre reencontra seu caminho.
Com informações Valor Econômico