
Você, que tem olhos atentos e alma inquieta, já deve ter sentido o cheiro no ar. Há algo de podre no reino dos Poderes, e a cortina de fumaça já está espessa demais para fingirmos que não enxergamos o palco montado. A prisão de Fernando Collor de Mello, consumada pelo ministro Alexandre de Moraes, foi só o ensaio geral, uma peça mal disfarçada para o que eles realmente almejam: você sabe, o troféu maior, a cabeça coroada da resistência, Jair Messias Bolsonaro.
E não, você não está exagerando. Basta ler, como eu li, o excelente artigo de Renan Ramalho e Guilherme Grandi, publicado na Gazeta do Povo no dia 25/04/2025 às 20:50. Eles destrincharam com precisão cirúrgica os bastidores que você, eu e todos que ainda temos amor ao Brasil suspeitávamos: o Supremo Tribunal Federal mudou as regras do jogo — e agora, na prática, não existe mais “Estado Democrático de Direito”. Existe o Estado de Alexandre de Moraes.
Você deve ter notado que, para Lula, foi armada uma operação digna de cinema: anularam tudo, inverteram todas as certezas, apagaram evidências como quem deleta um e-mail inconveniente. Lula foi limpo como quem passa pano sujo em chão de barro. Mas com Collor? Ah, com Collor não teve piedade. Afinal, ele era apenas o figurante que precisava ser derrubado para o show de horrores prosseguir.
E você sabe o que isso significa: o próximo ato é Bolsonaro.
Assim como com Collor, o processo de Bolsonaro não passou pelas instâncias inferiores. Foi gestado, alimentado e moldado já dentro do próprio STF. Ou seja: esqueça essa história de recorrer para outras instâncias, de tribunais superiores serem instâncias de revisão. Quando a foice cair, será definitiva.

Eles já escreveram o roteiro. Bolsonaro é réu por supostos cinco crimes, rótulos feitos sob medida para colar nele a pecha de golpista, traidor, criminoso. Organização criminosa armada, tentativa de golpe de Estado, dano contra patrimônio da União, deterioração de patrimônio tombado… uma salada de acusações digna de um regime em que a lei é apenas um pretexto para a destruição dos inimigos.
Você viu o que fizeram com Collor. Agora pense comigo: se Collor, aos 75 anos, já foi arrastado para um regime fechado, imagina o que eles preparam para Bolsonaro, o homem que ousou enfrentar o sistema, que denunciou a podridão, que arrastou milhões às ruas, que desnudou a hipocrisia das instituições.
Não se iluda. Não haverá debates técnicos. Não haverá ponderações jurídicas. Quando o segundo embargo for rejeitado (ou talvez o terceiro, conforme o humor de Moraes), a ordem de prisão será expedida com a mesma frieza com que se assina uma multa de trânsito. Você vai assistir ao noticiário e verá aquelas manchetes hipócritas, cheias de “fontes próximas”, “relatórios sigilosos”, “investigações isentas”. Tudo mentira. Você sabe disso. Eu sei disso.
O julgamento? Será feito pela Primeira Turma do STF, onde, além de Moraes, temos Flávio Dino, Cristiano Zanin, Cármen Lúcia e Luiz Fux. Você, que não nasceu ontem, sabe muito bem o que esperar desses nomes. Talvez, talvez, o ministro Fux tente dar alguma aparência de imparcialidade. Mas será como um sussurro em meio a um tiroteio.
Se você ainda tem alguma esperança de reversão, permita-me, com toda a fraternidade, alertá-lo: não conte com isso. O STF já deixou claro, através de decisões e omissões, que a resistência a essa narrativa é considerada crime. O processo de Bolsonaro é político, não jurídico. E em processos políticos, a verdade é irrelevante.
Você verá uma prisão teatralizada. Um espetáculo para as câmeras. Com jornalistas amigos previamente avisados. Uma operação simbólica para marcar o fim oficial da oposição popular e da direita conservadora fora das redes sociais. Uma mensagem clara e cruel: “Se até o presidente vocês não conseguem proteger, imaginem o que faremos com vocês”.
E se você acha que o Brasil se levantará em massa, tome cuidado. Eles já mapearam as reações. Já sabem onde atacar. Já testaram a censura nas redes. Já criaram narrativas falsas para desmobilizar qualquer tentativa de resistência. O teatro da prisão é só o começo de algo maior e mais sinistro.
A prisão de Bolsonaro não será apenas a prisão de um homem. Será a tentativa de aprisionar uma ideia: a de que é possível dizer “não” a um sistema corrupto, a de que é possível defender a família, a fé e a liberdade num Brasil que foi tomado de assalto.
Mas aqui entre nós: você sabe tão bem quanto eu que ideias verdadeiras nunca são derrotadas por canetadas, algemas ou censura. Eles podem até prender o homem. Podem até calá-lo momentaneamente. Podem até aplaudir de pé sua humilhação pública. Mas a fagulha que ele acendeu em milhões não será apagada. Pelo contrário. Cada injustiça, cada abuso, cada arbitrariedade fortalecerá ainda mais a convicção daqueles que sabem onde está a verdade.
No fim, eles construirão o próprio cadafalso com as mãos sujas de prepotência. Bolsonaro não será derrotado na cela fria que lhe prepararam. Eles apenas o transformarão em mártir de uma luta muito maior do que ele mesmo.
Por isso, você, que é parte dessa história, mantenha-se firme. Prepare-se não para lamentar, mas para resistir. Quando a ordem de prisão chegar — e ela chegará —, saiba que não será o fim. Será apenas o primeiro capítulo de um novo Brasil que se recusa a ajoelhar.
Você não está sozinho. Você faz parte da resistência. E, como já vimos tantas vezes na história, a verdade sempre vence. Mesmo quando o mundo inteiro insiste em negá-la.
Com informações Gazeta do Povo