“PL demite Fábio Wajngarten por críticas à Michele Bolsonaro”, diz UOL

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Em um momento em que o Brasil vive mais uma encruzilhada política, o Partido Liberal (PL) resolveu sacrificar um dos seus mais notórios rostos nos bastidores da direita: Fábio Wajngarten. A decisão de demiti-lo da função de assessor de Jair Bolsonaro não foi gratuita — foi estratégica, e, ao mesmo tempo, sintomática de uma crise interna que grita bem mais alto do que os discursos públicos tentam esconder.

Segundo revelou o site UOL, com base em mensagens trocadas entre Wajngarten e o ex-ajudante de ordens Mauro Cid, datadas de janeiro de 2021, o ex-secretário de Comunicação de Bolsonaro expôs seu completo ceticismo com relação ao protagonismo político da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. A troca de mensagens expôs um sentimento que parece cada vez mais latente entre algumas figuras próximas ao ex-presidente: o bolsonarismo é maior do que os Bolsonaro — e, paradoxalmente, talvez não seja mais suficiente para sustentá-los.

Na ocasião, Wajngarten havia encaminhado a Cid uma reportagem sobre a possibilidade de Michelle ser lançada candidata pelo PL. A resposta de Cid foi seca e, para dizer o mínimo, explosiva: “Prefiro o Lula”. E Wajngarten, sem hesitar, respondeu: “Idem”. Duas palavras que ecoaram como dinamite dentro do partido. Aquilo que era uma conversa privada virou pública — e com isso, a implosão foi inevitável.

O episódio causou um mal-estar visível entre os aliados do ex-presidente, em especial porque não se trata apenas de uma divergência sobre nomes ou estratégias eleitorais. Estamos falando de um embate sobre quem herdará o DNA político da direita brasileira — algo que, sejamos francos, está longe de ser consensual. E mais: o caso expôs as fragilidades de um projeto político que, mesmo com apoio popular, ainda depende de lideranças carismáticas para sobreviver. E carisma, meus amigos, não se transfere por nome de batismo.

Ainda segundo os diálogos divulgados, Wajngarten afirmou que o PL pagaria cerca de R$ 39 mil mensais a Michelle Bolsonaro, justificando que ela “carrega o bolsonarismo sem a rejeição do Bolsonaro”. Uma frase que pode ser interpretada de várias formas, mas que resume uma estratégia cada vez mais evidente dentro da legenda: usar Michelle como uma alternativa mais palatável ao eleitorado que rejeita o ex-presidente, mas simpatiza com a pauta conservadora.

No entanto, Mauro Cid, com seu habitual estilo ríspido, foi categórico ao responder: “Acho que ela tem muita coisa suja… não suja, mas a personalidade dela. Eles vão usar tudo contra pra acabar com ela”. Essa análise, vinda de alguém tão próximo ao clã Bolsonaro, revela um medo que assombra o núcleo duro do bolsonarismo: a fragilidade emocional e retórica de Michelle em um ambiente político brutal como o brasileiro.

Em meio às críticas, sobrou até para o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, chamado por Cid de “todo enrolado” com “documentos e papéis”. Em outras palavras: a cúpula do PL estaria mais preocupada com os próprios processos do que com a construção de um projeto sólido de poder. Isso ajuda a entender por que o partido resolveu demitir Wajngarten: era preciso uma cabeça para cortar. E ele foi o escolhido.

Mas sejamos honestos: Wajngarten não foi punido por pensar, mas por deixar rastros digitais de seus pensamentos. Dentro do jogo político, há espaço para dúvidas e críticas — desde que elas fiquem entre quatro paredes. No momento em que essas opiniões se tornam públicas, a máquina partidária precisa reagir. E reagiu, ainda que tardiamente.

O mais interessante nesse episódio é o que ele revela sobre os bastidores do bolsonarismo. O movimento, que começou com força popular genuína, parece hoje cada vez mais refém de disputas internas, vaidades e cálculos eleitorais frios. A figura de Michelle Bolsonaro, por exemplo, que já foi símbolo de empatia e renovação, agora aparece como um campo minado, repleto de dúvidas e receios até mesmo entre os seus.

Vale lembrar que essa não é a primeira vez que o nome de Michelle gera discórdia no campo conservador. Desde que seu nome passou a ser ventilado como potencial candidata ao Senado — e, posteriormente, como uma possível alternativa a Jair Bolsonaro — os bastidores começaram a chiar. E não é difícil entender por quê: o bolsonarismo sem Bolsonaro ainda é um enigma. E com Michelle, é um enigma ainda maior.

As mensagens também revelam que, em fevereiro de 2021, Wajngarten voltou ao tema ao compartilhar uma nova reportagem sobre Michelle e questionar Bolsonaro se havia autorizado aquela articulação. Ele demonstrava, ali, uma preocupação clara com a exposição da ex-primeira-dama, temendo que sua imagem fosse destruída pela imprensa e pelos adversários políticos. E Cid, mais uma vez, concordou: “Ela tem muito furo”, disse, insinuando que há aspectos do passado de Michelle que poderiam ser usados para desmoralizá-la.

Com essa sequência de revelações, o PL, partido que abriga boa parte da base conservadora do país, resolveu se mover. Não porque descobriu algo novo, mas porque a verdade veio à tona — e, como sempre, expôs as rachaduras de um projeto que tenta parecer unido, mas que está longe disso.

O mais preocupante, para o eleitor conservador, é o sinal de que o movimento que prometia ser a salvação da direita brasileira corre o risco de se desintegrar por dentro, corroído por intrigas e vaidades. O afastamento de Wajngarten, nesse contexto, é um sintoma — e não a solução.

O fato de que uma simples troca de mensagens entre dois aliados do ex-presidente tenha causado tanto rebuliço diz muito sobre a fragilidade institucional do bolsonarismo enquanto projeto político. Não há uma estrutura partidária sólida, não há um plano estratégico coeso, e não há — até o momento — uma sucessão confiável. O bolsonarismo é, ainda hoje, personalista, centralizado, e incapaz de lidar com divergências internas sem explodir.

Essa falta de coesão abre espaço para que inimigos políticos se aproveitem. Enquanto o PL briga entre si, a esquerda se reorganiza, avança nas instituições, ocupa espaços estratégicos e se fortalece para 2026. E o eleitor conservador, que apostou suas fichas na mudança, observa tudo com perplexidade — e, talvez, com certo desalento.

Não se trata de demonizar Michelle Bolsonaro, nem tampouco de absolver Wajngarten. Mas é fundamental entender que o problema não é a figura pública de um ou de outro. O problema é estrutural: a direita brasileira ainda não conseguiu consolidar uma liderança coletiva, institucional, que vá além de uma única família.

Enquanto isso, o PL, que deveria ser o pilar desse movimento, mostra-se cada vez mais como um bunker de interesses pessoais e estratégias improvisadas, onde qualquer um pode ser descartado ao menor sinal de ruído. E isso, convenhamos, é perigoso — não apenas para o partido, mas para toda a base conservadora do país.

O episódio deixa uma lição amarga: quando a direita se fragmenta, quem ganha é sempre a esquerda. Não por mérito próprio, mas pela incapacidade da oposição de se manter unida. E o caso Wajngarten é apenas mais um capítulo de uma novela que insiste em repetir os mesmos erros.

Agora, com as eleições de 2026 no horizonte, o PL tenta se reorganizar. Mas a pergunta que paira no ar é: será que ainda há tempo para reconstruir a confiança da base? Ou o bolsonarismo está fadado a se tornar uma lembrança de um movimento que tinha tudo para mudar o país, mas foi derrotado por seus próprios fantasmas?

Que cada conservador brasileiro reflita sobre isso. E que, da próxima vez que a guerra for interna, não se esqueça de quem são os verdadeiros adversários.

Com informações Revista Oeste/UOL

Leandro Veras

Editor do Conservadores Online, é cristão, conservador e analisa os bastidores da política com visão crítica e firmeza.

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