
Ah, a sabedoria moderna em sua plenitude: o sistema de financiamento imobiliário brasileiro entra em colapso e quem aparece para “salvar o dia”? Nada mais, nada menos que Gabriel Galípolo, o presidente do Banco Central do Brasil, empunhando nada além de um gráfico colorido, uma retórica reciclada e, claro, uma ponte mágica — ainda invisível — para levar o setor do caos ao paraíso.
Segundo o artigo da Reuters, aquele conhecido reduto de análises “imparciais” e “isentas” (risos), o senhor Galípolo anunciou com entusiasmo em um evento da Febraban que “logo apresentará uma solução” para o setor imobiliário, que está à beira de uma síncope nervosa com a queda dos depósitos em caderneta de poupança — tradicional fonte de recursos para o financiamento habitacional no Brasil. Mas, veja bem, não se trata de pânico; é só o sistema inteiro desabando, e ele ainda está “pensando” na tal solução.
E a tal “ponte”, senhoras e senhores? Uma transição para um “novo modelo”. Ah, que poético! A ponte do nada para lugar nenhum. Porque quando um burocrata fala de “transição de modelo”, geralmente significa apenas uma nova camada de papelada, reuniões eternas, e um PowerPoint colorido para enganar o otimismo dos incautos.
Mas antes que você pense que estamos sendo céticos demais, veja o argumento técnico apresentado: os brasileiros estão tirando o dinheiro da poupança porque agora têm acesso a investimentos mais rentáveis, graças a um milagre inesperado chamado “educação financeira” e “concorrência”. Inacreditável! O povo finalmente percebeu que deixar dinheiro rendendo uma miséria na poupança não é exatamente a decisão mais brilhante. E aí, claro, o setor imobiliário, que depende do seu dinheirinho lá parado, começa a chorar.
Ora, ora… parece que o brasileiro médio, mesmo com toda a carga tributária que carrega nas costas, ainda consegue pensar. E isso é um problema. Porque, segundo Galípolo, isso “obriga o sistema financeiro e o Banco Central a buscarem fontes alternativas de financiamento”. Ou seja: o povo aprendeu, e agora o governo precisa corrigir isso com uma nova gambiarra estatal.
Naturalmente, a Caixa Econômica Federal, aquele santuário de burocracia e cabide de emprego, já está envolvida na discussão para a tal “solução”. Porque, claro, se tem um problema complexo, nada melhor que chamar um banco estatal para ajudar — o mesmo banco que historicamente é usado como braço político do governo da vez.
Galípolo, com todo o entusiasmo de quem acabou de descobrir o óbvio, declarou que esse movimento é “natural”, já que os investimentos alternativos são mais atrativos. Mas o que ele convenientemente esquece de dizer é que o sistema de poupança só resistiu por tanto tempo porque foi amarrado por regulações e vantagens fiscais artificiais. Bastou a inflação disparar e os juros subirem para o castelo de cartas ruir.
Falando em juros, o artigo da Reuters informa que o Selic está em 14,75%, o maior patamar em 20 anos. Uma beleza, não? Mas por que será? Por que será que os juros estão nas alturas? Seria por acaso consequência direta de um governo gastador, que insiste em aumentar despesas públicas, furar tetos de gastos, criar programas assistencialistas sem lastro e fomentar uma máquina pública gigantesca? Não pode ser… deve ser culpa do mercado, ou dos Estados Unidos, ou quem sabe do clima.
Mas o melhor vem agora: Galípolo defende uma PEC pela autonomia financeira do Banco Central como uma “agenda essencial”. Como assim? O mesmo governo que o indicou, que é notoriamente contra qualquer independência institucional que escape ao seu controle centralizador, agora vem com um discurso liberal de “mais ferramentas para a regulação eficaz”? Essa é boa. Parece até sketch do Porta dos Fundos.
A PEC, segundo o próprio, não seria um “cheque em branco”, mas sim uma forma de melhorar a supervisão e regulação. Aham… Porque o que falta ao Brasil hoje é mais regulação, claro. A burocracia ainda é tímida, os formulários ainda são poucos, e os impostos não estão suficientemente complicados. A solução? Mais uma PEC, mais um “projeto estruturante”, mais um arranjo institucional — enquanto a economia real agoniza.
É curioso como Galípolo faz tudo isso com ares de modernidade, como se fosse um gênio inovador. Mas, na verdade, ele é só mais um tecnocrata reciclado do sistema lulopetista, agora travestido de gestor técnico. Ele até parece saber usar o Excel, então já virou especialista em política monetária. E a imprensa engole — e publica, com assinatura da Reuters, sem uma única linha crítica, como se estivéssemos diante de um novo Adam Smith tropical.
E tudo isso seria cômico, se não fosse trágico. O cidadão brasileiro, esse sim, vive no mundo real. Ele que sente na pele o impacto da inflação, do desemprego, do crédito impossível, da insegurança jurídica. Enquanto isso, os iluminados de Brasília jogam xadrez institucional com palavras bonitas como “transição de modelo” e “agenda essencial”, enquanto o povo tenta pagar o aluguel.
No fundo, tudo isso mostra a falência moral e técnica de um sistema que se alimenta da própria incompetência. O que deveria ser simples — permitir que o cidadão invista como quiser, que o mercado se ajuste à realidade, e que o governo apenas fiscalize com limites claros — vira um labirinto de propostas esotéricas e intervenções estatais.
O setor imobiliário, importante como é, está em colapso porque dependeu demais daquilo que o governo controla: a poupança, o crédito estatal, os bancos públicos. Agora, que a realidade bateu à porta, o presidente do Banco Central promete uma “ponte”. Só não se sabe de onde parte, nem aonde leva. Mas, para a imprensa, já é uma grande vitória da gestão Galípolo. Que lindo seria, se funcionasse.
Enquanto isso, os conservadores de verdade, aqueles que ainda acreditam na propriedade privada, no mercado livre e na responsabilidade fiscal, assistem atônitos à mais nova tentativa de maquiar a falência com maquiagem estatal. O pior é que tem quem aplauda. Afinal, prometer uma ponte é sempre mais fácil do que construir uma estrada sólida.
Bem-vindo ao Brasil de 2025, onde a poupança morre, a retórica vive — e o cidadão paga a conta, como sempre.
Com informações Reuters