
Dizem que política é a arte do possível. Para o PT, parece que virou a arte de se esconder atrás dos outros — desde que esses outros topem colar suas imagens ao governo mais rejeitado desde o plano cruzado. Em reportagem publicada pelo jornalista Ramiro Brites, do portal Metrópoles, fomos brindados com a mais nova jogada de mestre do partido de Lula: abrir mão das candidaturas nos três maiores colégios eleitorais do país em troca de… atenção… um palanque.
Sim, você leu certo. O partido que já se autoproclamou “a vanguarda da esquerda latino-americana” agora quer fazer figuração de luxo em São Paulo, Minas e Rio. Tudo para garantir que Lula tenha onde discursar no segundo turno — caso ele chegue lá, é claro. Nada como um presidente confiante no próprio taco, não é mesmo?
Vamos recapitular essa comédia de erros, ou como os petistas preferem chamar: “estratégia eleitoral”. Em São Paulo, o plano do PT é apoiar Márcio França, do PSB, aquele mesmo que vive à sombra de Geraldo Alckmin, agora rebatizado de vice decorativo oficial do Palácio do Planalto. França já demonstrou interesse em concorrer contra o atual governador Tarcísio de Freitas, que por sinal lidera com folga as intenções de voto, com 46,5%, segundo o Paraná Pesquisas. França, o “candidato de Lula”, tem… pasmem… 11,9%. É o tipo de parceria que se faz não para vencer, mas para não passar tanta vergonha sozinho. Como diria o meme: se for para cair, que seja abraçado.
Mas calma, melhora — ou piora, dependendo do seu senso de humor. O nome ideal para o PT em São Paulo seria Fernando Haddad. Mas Haddad não quer. Claro, depois de levar uma surra na capital paulista e agora ter que carregar o piano da economia mais capenga da história recente, até ele sabe quando fugir é a melhor opção. E não, não é porque falta coragem — é excesso de juízo mesmo.
E em Minas Gerais? Ah, Minas. Lá o plano é se pendurar no PSD. Sim, o mesmo partido que vive flertando com o Centrão e que mal sabe para onde vai. Rodrigo Pacheco, presidente do Senado e potencial candidato, ainda não deu nenhum sinal de que deseja encarar essa fria. Já o ministro Alexandre Silveira, outro nome cotado, tenta parecer relevante ocupando a pasta de Minas e Energia — o que, no Brasil petista, é sinônimo de tentar apagar incêndios com gasolina. Digno de Oscar.
A cereja do bolo? O PT está tão sem nomes que cogita colocar como candidata ao Senado a ministra dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo — que, convenhamos, tem a mesma expressividade eleitoral de uma nota de rodapé. É o velho truque: não tendo como ganhar, inventa-se uma narrativa de “apoio tático” e finge-se que o importante mesmo é o projeto nacional. Spoiler: não é.
Já no Rio de Janeiro, o teatro é ainda mais engraçado. O PT avalia apoiar ninguém menos que Eduardo Paes, do PSD — sim, o mesmo que já trocou de lado mais vezes que camaleão com crise de identidade. A lógica é que Paes, colado a Lula, possa ganhar tração contra Rodrigo Bacellar, o bolsonarista que desponta como adversário real. Mas tem um pequeno detalhe: 59,9% dos eleitores do Rio desaprovam Lula, segundo o Paraná Pesquisas. Ou seja, colar Paes em Lula pode ser o equivalente político a amarrar uma âncora num bote furado. Mas quem liga? O importante é o discurso no palanque!
É ou não é brilhante essa “engenharia eleitoral” petista? Com a desculpa esfarrapada de que “falta nomes” (e bota falta nisso), o partido simplesmente quer terceirizar suas candidaturas nos principais estados do país. Mas claro, tudo isso não é covardia, nem falta de estrutura, tampouco desespero. É “estratégia”. É o famoso “xadrez 4D” que só a militância enxerga. Ou talvez só eles finjam ver mesmo.
Vamos dar nomes aos bois: o PT, hoje, está acuado. Sabe que perdeu capilaridade, perdeu base popular e perdeu até a velha narrativa de ser “o partido do povo”. Hoje é o partido do Palácio. Da cúpula. Dos ministros com salário de R$ 39 mil que tomam café com leite de amêndoas. E para não tomar um baile eleitoral em 2026, melhor abrir mão logo e fingir que é por uma causa maior. Afinal, se perder sozinho, a derrota é toda sua. Mas se perder coligado, dá pra dividir a vergonha.
Esse movimento de abdicar de disputar diretamente eleições estaduais mostra o verdadeiro estado do partido que comanda a República. Um governo que precisa de palanque emprestado não governa — sobrevive. Um presidente que depende de prefeitos e governadores de outros partidos para “poder fazer campanha no segundo turno” é alguém que já prevê o tombo antes da largada. E ainda tem gente que chama isso de confiança…
A verdade é uma só: o PT está velho, cansado, e sem criatividade. E o povo — ah, o povo — está de saco cheio. A cada pesquisa divulgada, a aprovação de Lula despenca. A cada agenda pública, os protestos crescem. E em vez de assumir os erros, corrigir a rota e construir algo novo, o partido prefere a velha tática da camuflagem: esconder-se atrás dos aliados, terceirizar derrotas e surfar na máquina pública até onde der.
E nem precisamos falar do contraste com os tempos em que Lula falava que “o PT não faz alianças com partidos que não têm compromisso com o povo”. Hoje, está de mãos dadas com o PSD, com o PSB, e — se duvidar — amanhã aparece abraçado com o PL dizendo que é tudo por amor ao Brasil. Como diria o bom senso: onde não há convicção, qualquer muleta serve.
No fundo, o que essa articulação nos revela é que o PT já não acredita mais no próprio projeto. Se acreditasse, lançaria candidaturas fortes, confiantes, ousadas. Mas não. Prefere garantir um palanque do que disputar ideias. Prefere negociar a vice do que arriscar a cabeça. E a militância, claro, finge que isso é genialidade política. Afinal, Lula sempre sabe o que faz, não é mesmo?
Mas vamos combinar: um partido que em 20 anos dominou a política nacional agora pede esmola eleitoral nos estados. O que era hegemonia virou dependência. O que era liderança virou apêndice. E o que era “luta pelo povo” virou desespero por palanque.
Por fim, cabe ao eleitor — especialmente ao eleitor conservador, de direita, cristão, e que acredita em valores sólidos — entender que este teatro todo tem um objetivo: manter Lula no poder. Mesmo que para isso o PT precise deixar de ser PT. Mesmo que precise renunciar a seus próprios quadros, suas diretrizes, seus discursos. O projeto de poder petista é maior do que qualquer coerência ideológica.
Portanto, da próxima vez que você ouvir alguém dizer que o PT está se reorganizando, se adaptando, se reinventando — entenda: eles só estão tentando sobreviver. E para isso, aceitam qualquer negócio.
Porque, no fim das contas, para o PT vale tudo. Menos perder o microfone.
Com informações Metrópoles