A batalha pela liberdade de expressão ganha mais um capítulo importante, e, desta vez, a protagonista é a Wikimedia. A organização que administra a Wikipedia, uma das maiores enciclopédias digitais do mundo, está enfrentando um embate na Índia, onde o governo tenta impor remoções de conteúdo que podem abrir precedentes perigosos.
Em tempos onde a verdade se torna um campo de batalha, ver governos tentando moldar a narrativa é um alerta vermelho para todos que valorizam a liberdade de informação. A Wikimedia recorreu à Suprema Corte Indiana para derrubar uma ordem judicial que determinava a remoção de uma página sobre sua disputa legal com a ANI, uma agência de notícias nacional. A questão aqui vai muito além de um simples desacordo judicial; estamos falando de uma tentativa clara de censura e controle narrativo.
A ANI se sentiu ofendida porque, em sua página na Wikipedia, havia menções de que a agência era considerada uma “ferramenta de propaganda” do governo. O que fez a ANI? Recorrer à justiça para exigir que a plataforma removesse qualquer informação que não lhe fosse favorável. Isso significa que um veículo de comunicação quer controlar o que se diz sobre ele, interferindo na forma como a história é contada. Mas a Wikimedia não aceitou essa imposição passivamente. Com razão, argumenta que essa decisão judicial não só viola seu direito de hospedar conteúdo sobre processos judiciais, mas também estabelece um efeito inibidor na liberdade de expressão.
O que está acontecendo na Índia não é um caso isolado. Governos autoritários ou inclinados a moldar a opinião pública através da manipulação da informação têm tentado cada vez mais controlar a narrativa online. Plataformas como o Twitter (agora X) também enfrentaram pressão na Índia para remover postagens sobre protestos de fazendeiros em 2021. Essa onda de tentativas de supressão do discurso mostra um padrão perigoso: governantes querem transformar a internet em um espelho de sua própria versão dos fatos.
Mas, se há algo que aprendemos ao longo dos anos, é que a verdade não pode ser suprimida tão facilmente. A Wikipedia é um dos últimos refúgios da informação colaborativa e transparente. Seu modelo aberto permite que qualquer pessoa edite e fiscalize conteúdo, reduzindo drasticamente a possibilidade de manipulação por uma única entidade. Claro, erros acontecem, e a própria plataforma possui mecanismos para corrigir informações imprecisas, mas isso é muito diferente de um governo ou uma empresa de comunicação quererem apagar o que não lhes convém.
A verdade é que governos que têm algo a esconder temem plataformas abertas como a Wikipedia. Eles sabem que a informação tem poder, e quando esse poder não pode ser controlado por um pequeno grupo, isso se torna uma ameaça. O que a ANI está tentando fazer na Índia é um exemplo claro de uma tentativa de reescrever a realidade, algo que, infelizmente, acontece em várias partes do mundo.
A Wikimedia segue firme na defesa da liberdade de informação, e todos aqueles que acreditam no direito de acesso ao conhecimento devem estar atentos a esse caso. Se permitirmos que empresas e governos manipulem a narrativa a seu favor, abrimos as portas para um futuro onde apenas uma versão da história será permitida: aquela que favorece os poderosos.
A próxima audiência está marcada para o dia 4 de abril, e esse julgamento será decisivo não apenas para a Wikimedia, mas para todos aqueles que acreditam que a internet deve permanecer um espaço livre para informação e debate. Essa batalha vai muito além da Índia; ela afeta todos nós. A verdade não pode ser silenciada.
Com informações Reuters
