
Atenção, senhores espectadores! A cortina se abre novamente no picadeiro mais pomposo da política brasileira: o Supremo Tribunal Federal. E o espetáculo da vez é nada menos que o “Processo Penal Contra Jair Bolsonaro”, agora com nova embalagem: a fase 2! Sim, porque a fase 1 foi apenas o aquecimento, com depoimentos coreografados, testemunhas em desfile e, claro, aquela narração sutil do Ministério Público Federal, que já escreveu o final antes mesmo de o roteiro começar.
Segundo o jornalista Francisco Leali, em seu artigo no Estadão, “Processo contra Bolsonaro no STF entra na fase 2”, o Brasil está prestes a assistir ao momento mágico em que se busca, finalmente, provas para prender Bolsonaro. Isso mesmo, provas. Porque até agora, o que havia era uma belíssima narrativa. Afinal, quem precisa de evidências quando se tem um roteiro tão bem costurado pelo senhor Alexandre de Moraes, com apoio da mídia e de uma turminha muito bem alinhada com o projeto de “restauração democrática” da nova ordem?
A nova fase promete ser emocionante. Agora, a acusação vai caçar provas, pedir perícias, revisar mensagens, extrair sentido místico de arquivos digitais e fazer exatamente o que, teoricamente, deveria ter sido feito antes de acusar alguém formalmente: buscar fatos. Que gentileza, não? Acusar primeiro, provar depois. Deve ser o tal “devido processo legal” da república da toga.
Enquanto isso, o palco segue bem iluminado. Os holofotes se voltam para as testemunhas de defesa. E quem são elas? Nada menos que a elite do “bolsonarismo”, com direito à participação especial do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, um dos nomes mais cotados para substituir Bolsonaro em 2026. Um prato cheio para os entusiastas do “jornalismo imparcial”, que já tratam qualquer declaração de Tarcísio como uma tentativa de “salvar o chefe” e ocultar um suposto plano golpista que ninguém viu, ninguém ouviu, mas que todos juram que existiu.
Aliás, que plano genial era esse! Envolveria uma minuta de golpe que ninguém assinou, ações que ninguém executou, e um complô que mais parece roteiro de novela das nove. Mas, como já sabemos, o enredo é o que importa, não a realidade. Provas materiais? Bobagem. A convicção de certos ministros e jornalistas é muito mais poderosa.
Segundo Leali, até agora, os depoimentos “pouco contribuem para melhorar a situação de Bolsonaro”. O problema, no entanto, é que eles também pouco contribuem para piorar. Mas isso parece detalhe irrelevante. Na lógica invertida do STF, a ausência de provas pode ser interpretada como uma evidência de que houve um esforço para ocultar o crime, o que, veja só, acaba virando mais um indício de culpa. E assim se vai torturando o Direito até que ele confesse qualquer coisa.
A cereja do bolo, segundo o artigo, está na tal montanha de bits, ou seja, nos arquivos digitais apreendidos em celulares e computadores. Espera-se que dali surja algum “print salvador”, uma frase dúbia, um emoji mal colocado, qualquer coisa que possa ser interpretada como conspiração golpista. E se não surgir? Bem, ainda há a boa e velha retórica. Afinal, como pontua Leali em tom quase profético, “o conjunto da obra já pode ser suficiente para encarcerar o ex-presidente”. Repare: não são os fatos, mas a obra. Um romance judicial.
É como se a justiça brasileira tivesse virado um daqueles reality shows onde o público já sabe quem será eliminado antes mesmo do confessionário terminar. Bolsonaro seria o vilão perfeito: odiado por parte da elite, temido pela esquerda, e idolatrado pelo povo. Um perigo real à hegemonia de quem se acostumou a decidir tudo no tapetão.
Claro, há sempre aquele detalhe técnico que incomoda: provas. Mas isso a gente resolve com umas boas manchetes, umas aspas seletivas, e a mágica do judiciário ativista. Ah, e se alguém escapou do processo — como dois militares que não tiveram provas suficientes contra si — isso é apenas um “efeito colateral” do zelo de Moraes, que estaria só querendo limpar a cena para condenar quem realmente interessa: Bolsonaro.
O artigo ainda sugere que alguns coadjuvantes poderão ser poupados no julgamento final. Faz sentido. Num bom roteiro de tribunal de exceção, sempre se salva alguns figurantes para fingir imparcialidade. Mas o protagonista, esse já está com o destino traçado. Leali nos assegura: “Bolsonaro já sabe o que lhe espera.” Claro. Porque no Brasil de 2025, os julgamentos vêm depois da sentença.
E não pense você que há espaço para dúvida. O simples fato de se ter tentado impedir que o então presidente permanecesse no poder com base em interpretações de mensagens e boatos de bastidores já serve como fato jurídico relevante. É quase um novo tipo penal: “crime por expectativa”. A expectativa de que Bolsonaro pudesse dar um golpe é o suficiente para colocá-lo no banco dos réus.
Enquanto isso, o STF segue em silêncio sepulcral sobre os abusos de ministros, os inquéritos ilegais, a censura escancarada nas redes sociais, e os atropelos à Constituição. Mas nada disso vem ao caso. O foco é prender Bolsonaro. O resto é detalhe.
E não se engane: tudo isso é feito “em nome da democracia”. Uma democracia que parece amar a censura, a perseguição judicial e os julgamentos sem contraditório. É o novo normal. E se você ousar questionar esse teatro, você também pode ser enquadrado como “golpista”. Afinal, o crime mais grave de 2025 é discordar da narrativa oficial.
E agora vem a fase 2. O momento da prova. Ou melhor, da busca por provas que confirmem a história que já foi escrita. É quase uma caça ao tesouro ao contrário: o mapa já está pronto, só falta enterrar as pistas certas no caminho.
Mas veja pelo lado bom: pelo menos é entretenimento de qualidade. Os jornais agradecem, os colunistas se empolgam, os ministros ganham manchetes, e o povo… bem, o povo continua com inflação, desemprego e insegurança, mas isso é um mero detalhe, certo?
No final das contas, a verdadeira questão é: a Justiça quer provar um crime ou apenas justificar uma condenação? Porque são coisas bem diferentes. E enquanto essa dúvida paira no ar, o Brasil segue assistindo de camarote ao julgamento de um homem que teve a audácia de desagradar os donos do poder.
Jair Bolsonaro pode ser muita coisa, mas até o momento, ninguém conseguiu mostrar que ele foi autor de um golpe real, com tanques, armas ou ações efetivas. Mas no Brasil atual, quem precisa de tanques quando se tem hashtags, áudios truncados e “minutas” vazadas?
No fundo, tudo isso tem um objetivo claro: sepultar Bolsonaro politicamente. Porque se a esquerda e seus aliados togados realmente acreditassem na sua inaptidão, o deixariam livre para concorrer. Só que sabem — e como sabem — que ele ainda é o único capaz de unir milhões de brasileiros indignados com esse estado de coisas.
Por isso, o esforço agora é jurídico, não eleitoral. A campanha de 2026 já começou. E o jogo será decidido no STF, não nas urnas.
Bem-vindo à democracia dos iluminados, onde quem discorda é golpista, quem protesta é extremista, e quem ousa vencer uma eleição fora do script é inimigo do Estado.
Prepare-se para a fase 3. Spoiler: é a mesma coisa, só com outro nome.
Com informações Estadão