
Se você chegou até aqui achando que finalmente encontraram a prova cabal do golpe de Estado — aquele que nunca aconteceu —, pode tirar o cavalo da chuva. Porque, mais uma vez, a grande imprensa nos brinda com um furo de reportagem recheado de mensagens de WhatsApp, áudios apagados e grupos de zap cheios de teorias. E adivinha quem está no centro dessa novela? Ele mesmo: Mauro Cid, o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro. O nome da nova série investigativa da UOL? “O Zap do Cid”. Parece nome de quadro humorístico, e sinceramente, não está longe disso.
Vamos aos números que deixaram a redação da UOL em estado de excitação histérica: 158 mil mensagens, 77 gigas de arquivos, tudo supostamente vindo do celular do tenente-coronel. A mídia já esfrega as mãos, achando que vai enterrar de vez o ex-presidente. Spoiler: não vai. Porque, até aqui, o que foi revelado é uma mistura de conselhos de apagar mensagens, troca de figurinhas e conversas em apps alternativos — como o Signal — que qualquer adolescente de 16 anos já conhece.
Aliás, é curioso como a mídia e setores do Judiciário se escandalizam com algo que, em qualquer outra situação, seria tratado como proteção de privacidade. Apagar mensagens, migrar de aplicativo, ou limpar o celular são atos comuns para qualquer um que preze por segurança digital mínima. Mas quando é alguém ligado ao conservadorismo, a narrativa muda: é “tentativa de golpe”, “organização criminosa”, “abalo institucional”. Sério isso?
Sim, houve uma mensagem do coronel dizendo: “meu irmão, zera o teu celular hein, velho”. Isso é o suficiente para montar um PowerPoint do golpe? Porque, até agora, o tão prometido PowerPoint que aparece na reportagem parece mais uma apresentação de grupo de faculdade do que uma conspiração para derrubar a República. E é aqui que começa a comédia: os jornalistas juram que estão desvendando os segredos mais obscuros da história recente do país, mas o máximo que conseguem provar é que existe um pessoal preocupado com a própria liberdade e tentando proteger-se de uma devassa digital que já dura anos.
A operação da Polícia Federal, que começou lá atrás investigando carteiras de vacinação, já virou uma colcha de retalhos que agora tenta colar, com cuspe, a narrativa de golpe. E, claro, o Judiciário ajuda, abrindo parte dos autos, negando acesso a outra, decidindo o que é “relevante” conforme a necessidade da narrativa. Porque, veja bem, segundo a própria reportagem da UOL, os advogados dos acusados ainda não tiveram acesso integral ao material do celular de Cid. A parcialidade virou método. E o garantismo? Foi passear na Noruega com as ONGs.
Não custa lembrar que Mauro Cid não é uma liderança política. Não foi eleito, não discursou em palanques, não convocou multidões. Era, até onde sabemos, um militar operacional que estava na função de assessor. Torná-lo o “cérebro” do golpe é uma ginástica de narrativa que até agora não resistiu ao teste da lógica. As conversas com Braga Netto, Bolsonaro, e outros militares são normais em qualquer ambiente onde há comunicação entre oficiais. E o fato de alguém desejar apagar mensagens — vamos ser francos — não é prova de crime. É no máximo prova de prudência.
Agora, vamos falar da imprensa. Porque é aqui que a coisa realmente desanda. Aguirre Talento, da UOL, se apresenta como aquele que mergulhou num universo digital imenso, ao lado de Thiago Mali, para “desvendar os segredos da tentativa de golpe”. Usaram inteligência artificial, segundo eles, para transcrever áudios. Ótimo, mas quem garante que essas análises não foram filtradas com viés ideológico? Quem fiscaliza o fiscal? E mais: quantas dessas mensagens foram escolhidas a dedo para sustentar a narrativa que já estava pronta antes mesmo da análise começar?
Veja o tamanho da manipulação: parte das mensagens, segundo a matéria, foi considerada “irrelevante” porque eram “grupos em que o Cid não falava nada”. Ora, mas quem decide o que é relevante ou não? Por que os diálogos com pessoas “menos importantes” foram descartados? Talvez neles estivessem as peças que faltam para mostrar que, na verdade, tudo não passa de um exagero político-midiático. E aí, sim, a tese do golpe desmoronaria de vez.
E claro, não podia faltar o Ministro Alexandre de Moraes nessa história. O homem que virou praticamente um personagem fixo nas redações da grande imprensa. Ele, que a cada nova revelação midiática, aparece com mais uma decisão polêmica, ora prendendo, ora censurando, ora autorizando acesso seletivo a provas. E dizem que estamos numa democracia plena… Com esse nível de controle e seletividade? Me engana que eu gosto.
É quase irônico que tudo isso aconteça enquanto o governo atual enfrenta escândalos diários envolvendo ministros investigados, aparelhamento do Estado, censura disfarçada de regulação, gastos milionários sem licitação, e uma economia que patina sem perspectiva. Mas tudo isso é jogado para debaixo do tapete. A prioridade agora é o “Zap do Cid”, como se esse fosse o verdadeiro inimigo da democracia. A esquerda precisa desesperadamente criar monstros para justificar sua vigilância e seus abusos de poder. Porque sem o medo, o que sobra é a incompetência.
Ah, e claro, eles encontraram mensagens de Mauro Cid criticando Michelle Bolsonaro. Esse é o nível da investigação: transformam fofoca de bastidor em evidência criminal. Não há uma só prova concreta de ordem, organização, ou movimentação armada para derrubar o governo. Mas há muita especulação, muito wishful thinking, e principalmente, muita vontade de incriminar qualquer um que tenha dito “Deus, Pátria, Família e Liberdade” em algum momento entre 2018 e 2022.
Essa série de reportagens da UOL pode até render cliques — porque, convenhamos, fofoca política vende —, mas não deve render justiça. Porque justiça, de verdade, exige imparcialidade, legalidade e provas sólidas. Coisas que, infelizmente, estão cada vez mais ausentes no Brasil do “agora vai”. O problema é que nunca vai. Porque, no fim das contas, o “Zap do Cid” é só mais uma tentativa de salvar uma narrativa que não para em pé.
E você, brasileiro conservador, que acompanha essa novela desde o início, já entendeu o jogo. Não se trata de justiça, nem de democracia. Trata-se de vingança política, de perseguição ideológica e de controle social. O celular do Cid virou símbolo dessa distorção: um aparelho com 158 mil mensagens que supostamente comprova tudo… mas que não prova nada.
Então fique tranquilo. Continue com sua fé, seus valores e sua luta. Porque, enquanto eles perdem tempo procurando golpe em grupo de zap, você sabe exatamente onde está o verdadeiro golpe: no silêncio sobre os escândalos do presente, na manipulação das instituições, e na tentativa descarada de apagar a própria liberdade com a desculpa de proteger a democracia.